sábado, 21 de agosto de 2021

EQUÍVOCOS DE FIM DE SEMANA: A CARNE versus ESPÍRITO

                                                                          


Entre sábado e domingo, o pêndulo da consciência leva-me irresistivelmente ao LIVRO que, umas vezes é almofada repousante, outras chão de brasas que me põe o cérebro em chama incandescente. Em todas as vezes, porém, o LIVRO é rochedo firme de onde extraio lajes de basalto seguro para a pirâmide do meu pensamento e da minha mundividência.

É o caso. Para a apresentação sintética da minha ‘tese’, recorro ao Guia e Mestre Prof. Anselmo Borges, no seu artigo semanal de 7.VIII.21, intitulado “O Cristo Pensador”:

“Em geral, nas igrejas, faz-se pouco apelo à razão, à reflexão crítica, à pergunta. Como se a fé não tivesse de conviver com a inteligência, com a dúvida e com a pergunta”.

É nesta estação que me situo hoje, nesta navegação à vista sobre um dos mais axiomáticos temas da crença católica, a Eucaristia, as espécies sensíveis do Pão e do Vinho, enfim, a doutrina e o dogma da Presença Real do Corpo e Sangue de Jesus. Tudo, afinal, que se repete nas típicas “Festas do Senhor” da Madeira. Discorro sobre o texto/contexto do Livro, espartilhando-o em quatro eixos distintos mas intrinsecamente conexos.

1º - A tradição judaica destaca, em diferentes circunstâncias, o Pão e o Vinho como dádivas simbólicas e qualificadas, oferecidas ao Deus Ihaveh.

2º - O Nazareno, aquando da multiplicação dos pães e dos peixes, disse à multidão que procurasse um outro Pão, que não se deteriorasse nem se esgotasse no dia-a-dia. Mais: Ele apresentou-se como exemplar perfeito desse Pão e prometeu dar o Seu Corpo como Pão e o Seu Sangue como Vinho. “Esse Pão é a minha própria Carne, dá-la-ei para que o mundo tenha Vida. Quem come a Minha Carne tem em si a Vida Eterna”.

3º - Foi enorme a polémica que esta afirmação desencadeou entre os Doze e, sobretudo, entre os milhares de judeus que ali estavam.. “São insuportáveis estas palavras”, De boca em boca corriam velozes, provocando acesa discussão e, inclusive, um exasperado voltar de costas de muitos simpatizantes.

4º - Debates e mais debates, de viva voz, réplicas e tréplicas, deserções e mais deserções, até que, na conclusão do discurso,  o Autor não retira uma vírgula ao que dissera, mas abre uma luz ao fim do túnel da dúvida:

“O Espírito é que dá Vida. A Carne não serve de nada. As minhas palavras são Espírito e Vida”.

 

Porque o tema é candente e levar-nos-á longe, fico-me por aqui, soliloquiando persistentemente: “Não teremos nós empolado demais a Carne, enclausurando-a e sobredourando-a com raios flamejantes e jóias primorosas, em detrimento do Espírito que dá Vida?... “Só Ele tem palavras de Vida Eterna”!

Da minha parte, na interpretação directa, quase resposta, inserida em João, capítulo VI, 60-70, vejo nitidamente a definição supra-transcrita: “Cristo, o Pensador”! Sigamo-lO até às últimas consequências. Sem traumas nem preconceitos.

 

21.Ago.21

Martins Júnior 







Sem comentários:

Enviar um comentário