sábado, 21 de outubro de 2023

MALDITO ‘deus’!!! MALDITA ‘bíblia’!!! MALDITO ‘corão’!!!

                                                                       


   BENDITO O CRIADOR!!! BENDITO O LIVRO!!! BENDITO MAOMÉ!!!

          O título refere-se a um deus que não existe; a uma bíblia mal lida e, nalguns casos, mal escrita; a um corão virado do avesso.

          O primeiro parágrafo, ao invés,  louva o Supremo Arquitecto que, após a criação, “viu que tudo era bom” e disse: “Crescei e multiplicai-vos, dominai a terra que é de todos vós”!...  O Livro, por excelência, a Bíblia bendita, que resume mil anos de escrita, muitas mãos a plasmá-la e muitos séculos da nossa história fundadora!... Maomé bendito, aquele que sentenciou: “Levar alegria a um coração – um só que seja -  vale mais do que construir mil altares”!...

          A contradição frontal entre estes dois tempos e conceitos - o título e o  parágrafo – resulta do argumentário a que recorrem os ideólogos e os operacionais desse tremendo “armagedon” antecipado a que se dá o nome de conflito israelo-palestiniano: a Bíblia! E personalizam os fundamentos: “Foi Deus que nos doou esta terra, pelas mãos de Abraão, nosso Pai”! A invocação bíblica passa geneticamente para a mentalidade do vulgo que logo vocifera com toda a força dos esgares faiscantes do Monte Sinai: “Que Deus queime o coração deles, Deus faça deles o que quiser, desde  que os esmague e mate os palestinianos. Hoje mesmo”! Das hostes palestinianas, Hamas, Faixa de Gaza e Cis-Jordânia, idênticas motivações fazem  acionar o gatilho e os engenhos assassinos. Juntam-se depois os obtusos fanáticos muçulmanos. Uns e outros reclamam que Abraão teve dois filhos herdeiros, Isaac e Ismael, ambos com os mesmos direitos à mesma terra.   

          Para lá de outros interesses subjacentes a todas as guerras, o conflito israelo- -árabe vem demonstrar o malefício das religiões quando moldadas aos figurinos e ambições dos humanos. A conceção híbrida do culto aos deuses – poli ou monoteístas – produziu esse monstruoso estatuto tricéfalo – Sacerdote, Profeta e Rei – atribuído a David, protótipo dos regimes teocráticos israelitas e muçulmanos. E daí irrompem os mais bárbaros instintos e sancionadas todas as atrocidades. Demonstrativo mas execrando é o Salmo 135 (136) do mesmo ‘Santo Rei David’ quando, após a derrota infligida pelo exército inimigo,  ‘reza’ ao seu deus e suplica vingança nestes termos: “Senhor Deus, sejam bem-aventurados todos aqueles que agarrarem as crianças desses inimigos e as esfacelarem contra um rochedo”. Está na bíblia, uma oração que nunca devia ser feita, muito menos  escrita! Aliás, o cognome atribuído ao Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, é nem mais nem menos “Senhor Deus dos Exércitos”.

Até há bem pouco tempo, na liturgia católica, repetia-se esse mesmo ritual judaico – Senhor Deus dos Exércitos -   alterado depois para “Senhor Deus do Universo”. E que foram as Cruzadas?... E a Inquisição?… E as capelanias castrenses, os chamados capelães militares em tempo da guerra colonial… e os padres coronéis ou coronéis padres e, pior, um bispo brigadeiro, Bispo das Forças Armadas Portuguesas?... Daqui, incentiva-se o povo ignaro a prometer velas à Senhora de Fátima em prol do rapaz que anda na guerra a derrotar e expulsar  o ‘inimigo’, o pobre africano que está na sua própria terra, na sua mísera palhota… Por tudo isso passei eu, vi com os meus próprios olhos e de que me envergonho até à morte.

Quando compreenderemos nós - crentes ou não crentes, beligerantes ou pacifistas – que DEUS (com maiúscula e não o deus minúsculo, a bíblia minúscula, o corão minúsculo) nada tem a ver com as guerras dos homens?!... Rogar a Deus para fazer a paz significa que Ele, ao menos indiretamente,  é cúmplice da guerra. Se pode evitá-la, por que razão não o faz antecipadamente?... Implorar a um pai que faça a paz entre os filhos pode redundar em ofensa ao próprio pai. Até porque deverá ser esse o dever inalienável do exercício paterno. 

“Senhor dai-nos a paz”!

E a resposta vem, de ricochete: “Filhos, isso é convosco. Ninguém mais do que  Eu  quer a Paz. Mas se vós não a quiserdes?... Essa é uma tarefa exclusivamente vossa”!

É por isso que os regimes teocráticos nunca terão paz em seu redor. Porque os seus interesses são conflituantes e, por vezes, irredutíveis. A guerra, que é estritamente humana (e até infra-humana) os seus líderes irão sacralizá-la, divinizá-la, mandarão benzer as armas, as fardas, os canhões.  Já o Mestre Nazareno, há mais de dois mil anos, vaticinara perante os Doze: “Muitos daqueles que vos matarem julgarão estar prestando um serviço a Deus”.

A tanto chegam os malefícios das religiões auto-descrentes!

Jesus de Nazaré teria vergonha e mor desgosto de voltar à sua pátria. Matá-

-lo-iam de novo em Jerusalém.

          Em forma e tentativa de conclusão: A Paz do Amanhã começará pela sã educação – cívica, fraterna, holística – das crianças e dos jovens de Hoje!

 

          21.Out.23

Martins Júnior     

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