segunda-feira, 2 de outubro de 2023

A DIVA MÚSICA TAMBÉM MORA EM MACHICO!

                                                               


           

Se nome algum pudessem ter a alma do mundo e o ritmo da história um só, mais que todos os demais, escrever-se-ia com seis letrinhas apenas; Música!

Nem literatura, nem filosofia, teologia, ciência ou tecnologia conseguem alcançar o poder mágico dos sons que tocam a epiderme e a intraderme (passe o neologismo) de tudo o que existe. Enquanto todos os vectores que dimanam da criatividade humana ou se esgotam ou se defrontam ou entram em colapso-beco sem saída, a Música penetra os ossos, inocula-se nas veias, fecunda o cérebro e, sem nunca abandonar a matéria corpórea, evola-se para o além, o mais alto e mais longe, a estratosfera do espírito , por isso, lhe chamam a Divina Arte ou a Arte dos Deuses.

Perscrutando-a na sua amplitude, constatamos que Ela partilha de dois atributos supra-humanos, apanágio da Divindade: primeiro, a infinitude produtiva, quer a criacionista quer a evolucionista: com sete notas apenas, quantas miríades de estrelas sonoras atravessam o tempo e o espaço, os de ontem, os de hoje, os de amanhã?! O segundo, a ubiquidade cósmica que faz da Música um habitante nómada, sem morada certa ou exclusiva, um ‘sem-abrigo’  bilionário que mora em todas as casas, tanto nos palácios reais como nos bairros periféricos  dos que até trazem no bolso o ‘radiozinho’ proletário!

  No Dia Mundial da Música, a Diva volta a subir entronizada nos extremos polos do planeta e na horizontalidade do seu diâmetro, desde os concertos orquestrais dos seus maiores até aos mais ingénuos recantos onde floresce a alma dos povos, jovens, crianças, idosos, entrelaçados pela seiva intergeracional que os une através dos acordes saídos dos agrupamentos locais, tunas, bandas filarmónicas, corais, solistas e afins.

                                              


Incluo neste roteiro tão diversificado a tarde soalheira deste domingo, 1 de Outubro,  em Machico, mais precisamente na vetusta Capela de São Roque, sentinela e farolim da nossa generosa e inspiradora baía, onde a suave espuma das ondas ganha ritmo e sonoridade tocadas pela grande orquestra das pedras e areias que a circundam desde tempos imemoriais.

Num ambiente acolhedor, ladeado pela obra-prima da azulejaria dedicada a São Roque (o padroeiro oficial de Machico eleito pela vereação em 1728, conforme os Anais do Município), nesse recinto vocacionado para a Música de câmara, partilharam da Arte dos Deuses muitos circunstantes, jovens e idosos (é também o Dia do Idoso), madeirenses, nacionais e estrangeiros hospedados nas unidades hoteleiras locais. A TCM-Tuna de câmara de Machico fez as honras da casa, a convite da Câmara Municipal, registando-se o bom acolhimento por parte da diocese e da paróquia matriz.

A Diva – interclassista e musicalmente super-democrática – também mora aqui!... E todos os dias são Dias da Música|  

 

01-02.Outt.23

Martins Júnior  

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