sexta-feira, 3 de maio de 2019

DIA DA LIBERDADE DE IMPRENSA… ou… DIA PARA A LIBERDADE DE IMPRENSA?


                                                                

     Canta-se o “25 de Abril” porque foi aí que o Povo Português conquistou a Liberdade. Ergue-se gloriosa a bandeira do “1º de Maio” e nela brilha a efectiva Vitória dos Trabalhadores que, desde Chicago em 1886, arrancaram decididamente para as “oito horas” de trabalho diário. Mas quanto ao “3 de Maio”, é legítimo perguntar: a Imprensa – digna desse nome – terá alcançado o pódio da verdadeira Liberdade?
         Rios de tinta e vendavais de protesto têm-se desencadeado por tudo quanto corre mundo sobre este mesmo tema. A minha percepção navega por entre esse mesmo turbilhão de opiniões, idêntica a muitas outras que acabam nas cinzas da desilusão, enfim, nos crematórios da Liberdade. Os caminhos e atalhos para lá chegar aí andam à vista desarmada: a inflação da palavra, os interesses classistas, a ditadura dos regimes e, por todos,  a concêntrica absorção por parte dos detentores do capital. No quadro deste  emaranhado de cordas asfixiantes da Imprensa Livre, o primeiro impulso ao pegar num jornal é o de um cepticismo visceral não só perante títulos e desenvolvimentos das narrativas do dia, mas sobretudo pelo teor tendencial e tendencioso dos artigos de opinião. Nalguns casos, chega a causar tédio e náusea extrema o despudorado batente das impressoras com que certos articulistas-escribas obrigaram a inundar a folha branca de um jornal. Isso acontece, não raras vezes, quando o escriba sem escrúpulos usa e abusa de um mensageiro público, a folha de jornal, e faz dela arma de arremesso para vingança pessoal.
         Essa e uma outra razão – a proliferação desenfreada das redes sociais – têm afastado milhares de leitores, deixando a Imprensa no plano inclinado da sua própria extinção. Mas é imperativa e obrigatória a sobrevivência, aliás, a plena vivência da Imprensa, como sentinela vigilante e transformadora da sociedade. Pela minha parte e não obstante todos os constrangimentos aqui denunciados, continuarei  consumidor da Imprensa, fiel mas assumidamente crítico, no sentido de estimular o crescimento saudável do trigo bom, mesmo no meio do joio que aqui e além infesta o terreno diário da nossa convivialidade.
         Uma palavra, a única verdadeiramente grande deste texto, consiste na Homenagem a todos os jornalistas que têm exposto e até perdido a vida, às mãos de ditaduras assassinas, só para que o “3 de Maio” de cada ano seja a corporização plena daquilo que significa: a Liberdade de Imprensa.

         03.Mai.19
         Martins Júnior    

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