Canta-se
o “25 de Abril” porque foi aí que o Povo Português conquistou a Liberdade.
Ergue-se gloriosa a bandeira do “1º de Maio” e nela brilha a efectiva Vitória
dos Trabalhadores que, desde Chicago em 1886, arrancaram decididamente para as “oito
horas” de trabalho diário. Mas quanto ao “3 de Maio”, é legítimo perguntar: a
Imprensa – digna desse nome – terá alcançado o pódio da verdadeira Liberdade?
Rios de tinta e vendavais de protesto têm-se
desencadeado por tudo quanto corre mundo sobre este mesmo tema. A minha
percepção navega por entre esse mesmo turbilhão de opiniões, idêntica a muitas
outras que acabam nas cinzas da desilusão, enfim, nos crematórios da Liberdade.
Os caminhos e atalhos para lá chegar aí andam à vista desarmada: a inflação da
palavra, os interesses classistas, a ditadura dos regimes e, por todos, a concêntrica absorção por parte dos detentores
do capital. No quadro deste emaranhado de
cordas asfixiantes da Imprensa Livre, o primeiro impulso ao pegar num jornal é
o de um cepticismo visceral não só perante títulos e desenvolvimentos das
narrativas do dia, mas sobretudo pelo teor tendencial e tendencioso dos artigos
de opinião. Nalguns casos, chega a causar tédio e náusea extrema o despudorado
batente das impressoras com que certos articulistas-escribas obrigaram a inundar
a folha branca de um jornal. Isso acontece, não raras vezes, quando o escriba
sem escrúpulos usa e abusa de um mensageiro público, a folha de jornal, e faz
dela arma de arremesso para vingança pessoal.
Essa e uma outra razão – a proliferação
desenfreada das redes sociais – têm afastado milhares de leitores, deixando a
Imprensa no plano inclinado da sua própria extinção. Mas é imperativa e
obrigatória a sobrevivência, aliás, a plena vivência da Imprensa, como
sentinela vigilante e transformadora da sociedade. Pela minha parte e não
obstante todos os constrangimentos aqui denunciados, continuarei consumidor da Imprensa, fiel mas assumidamente
crítico, no sentido de estimular o crescimento saudável do trigo bom, mesmo no
meio do joio que aqui e além infesta o terreno diário da nossa convivialidade.
Uma palavra, a única verdadeiramente
grande deste texto, consiste na Homenagem a todos os jornalistas que têm
exposto e até perdido a vida, às mãos de ditaduras assassinas, só para que o “3
de Maio” de cada ano seja a corporização plena daquilo que significa: a
Liberdade de Imprensa.
03.Mai.19
Martins
Júnior
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