No
Dia Mundial da Família, quero saudar efusivamente uma outra maior e mais
poderosa família – a Ínclita Geração de um Povo hexa-secular, o Povo de Machico,
cuja idade e cuja identidade histórica acabam de ser alcandoradas na fasquia
exacta a que tem jus, o 8 de Maio de 1440.
Para o vulgo incauto parecerá de
somenos relevo a gloriosa efeméride, ora reconquistada. Mas é puro logro. Bem
ao contrário, trata-se de descobrir o tronco, os braços, as nervuras, as flores
e frutos por onde corre a seiva da árvore genealógica, até alcançar as ancestrais
e robustas raízes que a prendem à terra. Família sem passado é família sem
futuro. Pelo que, caminhar na noite dos tempos até encontrar aquela alvorada
que deu nome, corpo e alma nascentes a um Povo imenso afigura-se como núcleo
essencial, constitutivo da toda a Família que se preze.
Daí o meu regozijo de ver as nobres e pioneiras
gentes de Machico reconciliadas com a história. Daí, também, que nunca me doam
a voz e as mãos para enaltecer o prestimoso feito levado a cabo em 2019 pelo
Município de Machico: instaurar o “8 de Maio” como Dia do Concelho.
Passa hoje a primeira semana sobre a condigna
comemoração desta data, em sessão memorável
em plenos jardins do vetusto Solar do Ribeirinho, actual sede do Núcleo
Museológico local, repositório de todo um passado que enaltece os herdeiros da
Primeira Capitania da Ilha, outorgada a Tristão Vaz Teixeira pelo Infante D.
Henrique, o visionário Mestre da Ordem de Cristo. A sessão solene presidida
pelo Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, com a presença do
Presidente do Governo Regional e demais entidades representativas das “forças
vivas” da nossa Autonomia, foi um inquestionável e brilhante testemunho dos
valores democráticos, tendo intervindo todas as formações políticas com assento
na Assembleia Municipal. A afluência da população, quer no evento solene, quer
nas diversas actividades lúdico-culturais (com destaque para o excelente
concerto da Banda Militar da Madeira) demonstrou à saciedade a aprovação clara
do povo de Machico à justa afirmação do “8 de Maio” como o genuíno Dia do
Concelho e respectivo feriado municipal. Congratulando-nos com tão oportuna
opção, interrogamo-nos como foi possível laborar no erro crasso de enclausurar,
durante tantos anos, o “8 de Maio de 1440” na fatídica tragédia do “8-9 de
Outubro de 1803”, impropriamente denominada “Festa” (!) do
Senhor dos Milagres…
Só
por mera ignorância cometeu-se a injustiça de negar a provecta, exclusiva e
gloriosa idade do nosso Machico, amputando-lhe a volumosa soma de 363 anos.
Chamo gloriosa e exclusiva idade, visto que Machico foi a única Capitania de
então, tendo o Funchal merecido tal distinção dez anos depois, só em 1 de
Novembro de 1450. Redobrado fundamento para tão grandiosa efeméride!
Gentes
de Machico: crianças, jovens, adultos, idosos, desde o mar à montanha! Sejamos
dignos de ostentar bem alto os pergaminhos desta Família, reforçando as raízes,
avolumando o tronco, prolongando os ramos, reverdecendo as flores e amadurecendo
os frutos desta bem-amada Árvore Genealógica!
15.Mai.19
Martins Júnior
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