sábado, 29 de agosto de 2020

O MONTE SINAI E A SARÇA ARDENTE NO VALE DE MACHICO

 

Postais de Verão 4

                                  


Noite sem palavras e Noite guardadora de todas as emoções.

Palavras inaudíveis nas mãos invisíveis daqueles jovens que arquearam as caravelas crepitantes no dorso do basalto.

Palavras gritantes nas chamas mudas desentranhadas da terra.

Palavras vivas saídas das memórias sepultas.

Palavras filhas da terra, que para o seio dela voltam em lava e cinza, aguardando o ano inteiro pela sua páscoa de um Agosto novo.

Santo Graal escondido nas pregas da montanha, desde a primeira noite da Descoberta.

Fénix Renascida – OS FACHOS – espelho do brasão da filha de Tristão Vaz, Branca Teixeira, reincarnada neste vale majestoso, que foi seu e hoje nosso.

Alma de um Povo, ajoelhada na catedral de outrora, tal qual saíu das mãos do Supremo Criador.

Porque é no silêncio curvado que os nossos olhos se erguem e sonham e cantam a inenarrável saga dos nossos antepassados:

                                       


Os Fachos na serra

Altos a brilhar

São a voz da terra

Que fala a cantar

 

Cantigas de amor

Pão e vinho novo

Bendito o Senhor

Pela voz do Povo

 

29.Ago.2020, Noite dos Fachos em Machico

Martins Júnior

 

  

1 comentário:

  1. Do épico basalto da Descoberta, irrompe em cada agosto que passa, a identidade e a alma de ser machiquense. Que extraordinário poema!

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