À vol d’oiseau…
Permita-se-me recorrer ao
conhecido galicismo para exprimir o júbilo do Canto do Melro que, neste
fim-de-semana, voou da Ilha para Beira-Tejo, no Seixal continental e, daí, para
o Oeste luso da Marinha Grande, distrito de Leiria.
Mais que um mero reporte
de viagem, trata-se neste escrito de render a minha gratidão à Profª. Drª.
Raquel Varela e à Editora Bertrand pelo generoso afã com que têm divulgado
retalhos de vida e lampejos cirúrgicos de uma mensagem que recebo do círculo
envolvente em que navego e, como retorno necessário, procuro devolvê-la em
crescendo evolutivo ao rio por onde perpassam pessoas e sonhos à minha volta,
predestinados companheiros do roteiro
existencial.
Foi assim, sábado, 18, no
Seixal da outra margem, numa franca confraternização que tanto poderia
chamar-se tertúlia académica como, sobretudo, Agapè emotiva,
espiritualista, de tão largo e belo foi o desenrolar do encontro, com poemas e
canções libertadoras, evocativas de Zeca Afonso, Carlos do Carmo, José Mário
Branco, Ary dos Santos, na voz de Victor
Sarmento. Coincidência ou não,, o nome do local, Restaurante O Bispo, ajudou ao ambiente da festa-convívio, em
que o pico de relevo foi iluminado por duas personalidades portadoras da
história de um almejado Portugal Novo, nascido no coração da Revolução de
Abril: o lutador indefectível Major Mário Tomé e o corajoso causídico patrocinador
das causas nobres e justas, o Dr. Garcia Pereira, ambos sintonizados com a estimulante
partitura do Canto do Melro, de Raquel Varela, historiadora e novel
romancista.
Domingo, 19, o Melro, de
Guerra Junqueiro (que deu o mote para o Canto) sobrevoou o litoral
poente até São Pedro de Moel e, daí, à Marinha Grande, onde o esperava uma numerosa
e prestigiada assembleia de leitores, reunidos no inspirador auditório da Casa-Museu
do escultor Joaquim Correia. Não faltarei à verdade dos factos se disser que a
apresentação do livro ficou a cargo de uma qualificada galeria honoris causa,
a que chamarei Os Cinco Magníficos: o presidente do Município, dr. Aurélio
Ferreira; o representante da Bertrand, dr. Jorge Garcia ; a escritora Raquel Varela; a drª Adelaide
Franco Mendes, docente de Literatura; e
o super-jubilado do Direito, da Justiça, da Literatura e do Humanismo, dr.
Álvaro Laborinho Lúcio, tendo estes dois últimos oradores galvanizado o público
com a acurada análise, a um tempo científica e poética, do Canto do Melro.
A todos os generosos
intervenientes, quer no Seixal, quer na Marinha Grande, particularmente ao
dinâmico Luís Manuel Silvestre, incansável
empreendedor do evento na cidade vidreira – símbolo histórico da resiliência e do verdadeiro patriotismo
telúrico - a minha mais rendida gratidão.
19.Jan.25
Martins Júnior
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