terça-feira, 14 de janeiro de 2025

DO RIO ALVA À ESTRELA D’ALVA

 


Foi de alvura inteira a paisagem toda – de corpo e alma – nesse outonal fim de semana no distrito de Coimbra. AS baladas e guitarras da velha Academia deram lugar aos bandolins das Tunas emergentes das águas cantantes nas serranias do Açor, à beira-rio, avistando as cumieiras da Serra da Estrela.

Na Região Centro de Portugal viu-se a centralidade humaniforme de gerações e territórios. Aconteceu no auditório da Tuna Penalvense, anfitriã do XX Encontro de Tunas do concelho de Oliveira do Hospital. Em palco, desfilaram os acordes do  quaternário compasso geracional que define o curso da vida: infância e juventude, maturidade e senectude. Assim mesmo.

Voámos nós da Ilha da Madeira, desceram outros de Vila Real de Trás-os-Montes e outros ainda subiram desde o Algarve até à Civitas Splendidissima,  onde todos se abraçaram no regaço da inspiradora Matrona Universal e Intemporal, a Música. Abriu o programa a Tuna de Câmara de Machico, em cujo elenco primaram a infância e a adolescência dedilhando a primavera dos sons, seguindo-se a Tuna Panalvense, a anfitriã, a quem retribuímos a participação dos seus experientes e prestigiados elementos nos concertos do Centro Cívico-Cultural e Social da Ribeira Seca e do Festival Internacional de Bandolins no Teatro Municipal “Baltazar Dias”, no Funchal. Encerrou o espectáculo a nortenha  Banda de Vila Real,  mais de uma vintena de músicos sexagenários, septuagenários e octogenários que brilhantemente  demonstraram ao numeroso auditório que a ‘Arte dos Deuses’ não conhece ocaso, seja qual for a idade dos seus executantes.



No público assistente, foi notória  a presença entusiástica do Presidente da Càmara Municipal de Oliveira do Hospital, ladeado pela simpática Vereadora da Cultura e do eloquente Presidente da Junta de Freguesia de Penalva, os quais provaram ao vivo que o progresso de um povo constrói-se não apenas de obras megalómanas, betão sobre betão, mas fortalece-se com o cimento anímico do crescimento cultural, sobretudo na formação musical que educa a sensibilidade e o sonho  de uma comunidade saudável.

A visita de estudo, embora transitória,  à “Bobadela Romana” (a supra-citada Civitas Nobilissima) culminou a viagem do presente a um passado longínquo proficientemente esclarecida pelo director do museu, que nos fez regressar à ocupação do território luso pelos Romanos, bem patente no arco triunfal, na pavimentação das rotas terrestres e na arena circular das lutas dos gladiadores.



Daqui, irregular e distante rectângulo insular, o CCCS-RS e a TCM pedem ao imenso azul Atlântico seja a ponte transportadora do nosso penhorado agradecimento à Tuna Penalvensee pela mensagem de humanismo e cultura que nos trouxe à Ilhae, com maior ênfase, pelo carinho e pela  fidalguia com que nos recebeu em sua casa de Penalva.

Se o rio Alva leva saudades da terra, a Estrela d’Alva ficará sempre a brilhar em todas as manhãs da nossa memória.

BEM HAJAM !

 

13.Jan.25

Martins Júnior

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