Volta a animar-se o palco insular da
campana eleitoral, que tanto pode configurar-se, para uns, com o frenesi de uma arena como, para outros,
toma o cenário de baile de máscaras em rodopio
de carnaval. Basta olhar para cada esquina ou para cada tapume de cabouco de
obras, atravessar cada ponte de passagem rápida e ver reflectidas nas águas correntes e nas nossas
pupilas estampas de risos-facetas, olhos famintos dos nossos impulsos, palavras,
palavras, muitas palavras quase todas sinónimas, enfim, um espectáculo de cor e
som, de entrada livre e sem custos para o consumidor-à-força.
Como
cidadão, congratulo-me com a profusão da oferta – partidos e coligações, ao
todo, quatorze! 1316 almas! – oferta que se confunde com a procura sedenta de
um dos quarenta e sete assentos no parlamento. Motivo da minha congratulação: a
Liberdade a-céu-aberto, ou seja, sem medo de aceder à ribalta, digamos que à arena,
onde a brigada dos poderosos fazia tremer o chão da liça e o público das
bancadas, como se os forcados desarmados tivessem de confrontar-se com um touro
– actualmente - de 50 anos de engorda.
Felicito
todos os candidatos, porque eu sou daquele tempo em que candidatar-se em
oposição ao plenipotenciário detentor do regime comparava-se aos condenados às
feras do Coliseu Romano sob o comando do
polegar imperador. Sim, prezados
candidatos, não imaginais as dificuldades em encontrar corpos e almas de
coragem férrea para entrar na luta, dispostos a enxovalhos, agressões físicas,
ameaças a familiares. Era a repetida guerra entre o humilde pegureiro David
contra o arregimentado e furibundo Golias. Por isso, o meu sincero júbilo por
ver descarbonizada a atmosfera político-partidária que permite o surgimento de
tantos e tantas madeirenses participantes nas eleições desta segunda década do século XXI.
Para
que sejam completas e comunicáveis as minhas felicitações, quero crer que os
ardorosos candidatos sejam movidos por ideais superiores, construtores de uma
terra insular de coração planetário, sem ambições revanchistas ou mesquinhos
interesses particulares. Quero pressupor que são portadores de mérito pessoal e
colectivo e que não tenham sido chamados à Lista por fidelidades ‘caninas’ ao
chefe, nem por viperinas manobras de eirós de águas estagnadas, onde os penedos
escondem os perniciosos vírus que trazem no bucho.
Tenho
fé que, abstraídos os reparos do parágrafo anterior, todos os candidatos – a começar
sobretudo pelos partidos mais pequenos - transportam no seu íntimo horizontes programáticos, os mais alevantados
em prol de um Mundo Melhor, de um Ar Respirável, a partir desta língua de ouro esparsa no azul cerúleo do Mar Atlântico.
11-13.Fev.25
Martins
Júnior
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