quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

HIPERMERCADO ELEITORAL – UM HINO À LIBERDADE!

                                                                        


Volta a animar-se o palco insular da campana eleitoral, que tanto pode configurar-se, para uns,  com o frenesi de uma arena como, para outros, toma o cenário de baile de máscaras em  rodopio de carnaval. Basta olhar para cada esquina ou para cada tapume de cabouco de obras, atravessar cada ponte de passagem rápida e ver  reflectidas nas águas correntes e nas nossas pupilas estampas de risos-facetas, olhos famintos dos nossos impulsos, palavras, palavras, muitas palavras quase todas sinónimas, enfim, um espectáculo de cor e som, de entrada livre e sem custos para o consumidor-à-força.

          Como cidadão, congratulo-me com a profusão da oferta – partidos e coligações, ao todo, quatorze! 1316 almas! – oferta que se confunde com a procura sedenta de um dos quarenta e sete assentos no parlamento. Motivo da minha congratulação: a Liberdade a-céu-aberto, ou seja, sem medo de aceder à ribalta, digamos que à arena, onde a brigada dos poderosos fazia tremer o chão da liça e o público das bancadas, como se os forcados desarmados tivessem de confrontar-se com um touro – actualmente - de 50 anos de engorda.

          Felicito todos os candidatos, porque eu sou daquele tempo em que candidatar-se em oposição ao plenipotenciário detentor do regime comparava-se aos condenados às feras do Coliseu Romano sob  o comando do  polegar imperador. Sim, prezados candidatos, não imaginais as dificuldades em encontrar corpos e almas de coragem férrea para entrar na luta, dispostos a enxovalhos, agressões físicas, ameaças a familiares. Era a repetida guerra entre o humilde pegureiro David contra o arregimentado e furibundo Golias. Por isso, o meu sincero júbilo por ver descarbonizada a atmosfera político-partidária que permite o surgimento de tantos e tantas madeirenses participantes nas eleições  desta segunda década do século XXI.

          Para que sejam completas e comunicáveis as minhas felicitações, quero crer que os ardorosos candidatos sejam movidos por ideais superiores, construtores de uma terra insular de coração planetário, sem ambições revanchistas ou mesquinhos interesses particulares. Quero pressupor que são portadores de mérito pessoal e colectivo e que não tenham sido chamados à Lista por fidelidades ‘caninas’ ao chefe, nem por viperinas manobras de eirós de águas estagnadas, onde os penedos escondem os perniciosos vírus que trazem no bucho.

          Tenho fé que, abstraídos os reparos do parágrafo anterior, todos os candidatos – a começar sobretudo pelos partidos mais pequenos - transportam no seu íntimo  horizontes programáticos, os mais alevantados em prol de um Mundo Melhor, de um Ar Respirável, a partir desta língua  de ouro esparsa no azul cerúleo do Mar Atlântico.

 

          11-13.Fev.25

          Martins Júnior

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