segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

QUAL DOS TRÊS É O MAIOR? – BARÓMETRO DE UMA CIVILIZAÇÃO

                                                                       


                                  

Neste monte de vendavais em que está transformada a comunicação, três ápices brilharam no vértice dos acontecimentos: a escritora lusa MARIA

TERESA HORTA, o imã AGA KHAN IV e, sem deixar de ser português, o madeirense CRISTIANO RONALDO.

É excedentário ousar responder à pergunta formulada em epígrafe, até porque toda a resposta dependerá dos critérios micro ou tele-

-scópicos com que se hão--de olhar os ilustres ocupantes do pódio glorioso. E por isso, chegaremos à conclusão de que todos são grandes, cada qual na sua especialidade singular. Mas, por altíssima que seja a notação atribuída, não estaremos perante o nível de valores de um país ou de uma região. É a conclusão que a sabedoria popular codificou no provérbio sobejamente conhecido Uma andorinha não faz o verão.

          Para aquilatar-se cabalmente da escala de valores de um povo, o critério seguro consistirá na resposta às seguintes questões fulcrais: que consomem os consumidores? Que vêem os espectadores? Em que crêem os crentes?... Não está em causa o produtor, não se discute o artista nem a fé do pregador. A lupa está do lado de fora. Que peso e que medida usa o observador para valorar o observado?... Em que grau de sensibilidade está o paladar do convidado diante da especiosa ementa que lhe é oferecida no banquete global?...

          Não será preciso recorrer a sofisticados algoritmos da IA para ver a olho-nu que, dos três galardoados ora em apreço, foi o mais pequeno de berço, rebento exíguo de uma exígua parcela entre ilhas e continentes, foi ele, o ‘nosso’ CR7, que a todos suplantou, no tsunami das estatísticas mundiais: aurora boreal das intermináveis 24 horas de translação planetária, vulcão sideral  cuja lava poliglota inundou montes e vales, desertos  e oceanos, babilónicos jardins suspensos e ignotos lugarejos da idade da pedra lascada! Venha o nosso épico quinhentista e acrescente mais um  ao Olimpo dos seus imortais “barões assinalados”.

          Adeus, talentosa poetisa e lutadora pela dignidade das mulheres, nossas irmãs, esposas e mães! Adeus, generoso imã, benemérito da humanidade! Adeus, adeus, porque (agora vem Camões) “Outro valor mais alto se alevanta”…

          Não se trata de linguagem hjperbólica o que acabo de escrever. É a fria leitura dos números. Mais: é a temperatura do barómetro civilizacional do nosso século XXI, aquele que nós próprios fabricamos e de que somos forçados consumidores.

          Estaremos na rota regressiva da história, aos tempos de anestesia colectiva e depauperamento psíquico sob a capciosa “tutela” de poderosas forças totalitárias?!... Assim o imperador romano iludia os súbditos com os famosos panem et circenses. Assim o salazarismo fascista neutralizava os portugueses com os  miraculosos três efes: futebol, fátima e fado.

          Aos felizes contemplados, merecidos parabéns.

          E um voto: Transforme-se cada um de nós em válido elevador social no barómetro da civilização a que pertencemos.

         

07-09.Fev.25

          Martins Júnior

Sem comentários:

Enviar um comentário