quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

OS TRÊS REIS SOBEM SANTO DA SERRA E PORTO DA CRUZ


                                                                   

  É esta uma viagem bizarra: os Magos do Oriente, ávidos de achar aquele Herói Judaico, inscrito nos velhos papiros das antigas civilizações, puseram-se de viagem às “Ilhas Encantadas”, belas e verdes  que  “do muito arvoredo assim se chamam”. Seria o primeiro de todos os achamentos da Ilha, muito antes que genoveses e bretões a descobrissem.
         Passando Água de Pena, alcançaram Santo da Serra, onde
                            As moças lindas, rosadas
                            Como o canto das manhãs
                            Trouxeram renas bordadas
                            E cestinhos de maçãs

         Caminhando mais acima, ouviram a voz guiadora dos Anjos em revoada:
                            Ó Romeiros do Oriente
                            Mais depressa não tardeis
                            Que o Menino nesta rocha
                            Está à espera dos Três Reis

                            Depressa mas com cuidado
                            Entre folhados e faias
                            Olhai bem para a ribeira
                            Ribeira Tem-te Não-Caias

                            Outra nova encontrará
                            Todo aquele que aqui venha
                            Nasceu a Divina Águia
No mais alto desta penha

         E foi aí que o mais ancião dos Três Reis, o veterano Gaspar, exclamou  num arrobo de puro encantamento:

                            Bendita és tu, Penha d’Águia
                            Bendita a terra que piso
                            Terra do Pão e do Vinho
                            Parece-me o Paraíso

         Em síntese: durante as chamadas “Missas do Parto”, também acompanhamos os Três Reis e, com eles, pegamos no Menino nascido no alto rochedo do Porto da Cruz e ali escutamos a sua mensagem: “A Terra é vossa. Aumentai-a, multiplica-a”.
Muito antes que Eric Veríssimo titulasse o seu belo romance, já o  Nazareno tinha dito: “Olhai os lírios do campo”! Muito antes que Nietzche proclamasse o seu avatar de amor telúrico, já o Nazareno havia apregoado com palavras e feitos: “Irmãos, amai a Terra”! Tomara eu possuir a eloquência de um Demóstenes para tecer, em 20 de Dezembro de 2019, o mais alto panegírico ao Homem Lavrador, aquele que de ombros curvados à terra, alimenta o mundo inteiro e torna erguida e firme a coluna vertebral de todos nós. Olhando o Menino nascido na terra do pão e do vinho, altaneira  Penha d´Águia, celebraremos amanhã no meio ecológico da Ribeira Seca a grande epopeia da ruralidade excelsa e produtiva – uma das paixões do Menino nascido em Belém.


         19.Dez.19
         Martins Júnior   



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