sábado, 21 de abril de 2018

ESTES, ESSES, AQUELES...


                                                       

O último parágrafo desta noite dirá a motivação deste texto: Hoje é dia de falar de lideranças. Aliás, deverá ter sido este o drama de todos os tempos e de todas as gerações. De como achar – e mais que achar – construir um líder depende o ritmo da história e o futuro dos milénios vencidos e vincendos.
Recorri à capa do livro de  Pierre Accoce e Pierre Tentchnick para sintetizar o pensamento do dia. “Estes doentes que nos governam”. Diríamos hoje  “esses doentes que governaram os nossos pais e avós” E porque a história também é uma sucessão genético-mecânica de episódios passados, pode cada um de nós substituir os ‘cromos’ expostos colocando outros de igual teor anímico, precisamente os que nos governam, aqui e agora.
Nesta dissecação cirúrgica, para além dos muitos contornos que a realidade comporta, peço apenas a compreensão de quem me lê para dois ‘item’s’ fundamentais do problema “liderança”. Com efeito, duas colunas paralelas deverão ser tidas em conta: a substância e o processo. A substância aqui entende-se como a personalidade do líder, os seus atributos e convicções. Processo é toda a propedêutica, a logística, enfim, os meandros da sua ascensão à liderança. Sendo decisiva a primeira coordenada (o potencial criador do líder), interpreto mais importante, mais esclarecedor, mais incisivo o processo. Porque é este segundo factor (que passa então a primeiro)  aquele que definirá o perfil identificativo do líder e de toda a sua actuação futura.  Quem sobe ao pódio do poder por estratagemas autoritários ou fraudulentos pautará, sem sombra de dúvida, toda a sua governança por critérios de ditadura, afrontamento e  suborno. Ao contrário quem ascende ao temão do navio por processos de transparência, talento e coerência dará aos seus constituintes – a população – um código de conduta justo, alicerçado em critérios de segurança, equidade e igualdade.
Aqui, pode com toda a justeza repetir-se o humor negro da propalada denúncia: ”Não há almoços grátis”. Não há líderes grátis. Como não há justiça gratuita nem despachos graciosos. “Paga-se tudo” – lá dizia a “Velha Senhora” criada pelo dramaturgo suíço F. Durrematt. Uma liderança gerada na podridão do imediatismo e do compadrio está ferida de morte anunciada. Para o próprio titular e, mais trágico, para a sociedade envolvente.
Tanto basta para aquilatarmos das governanças que dominam o mundo. O de longe e o de perto. Olhando para os processos internos e externos que levaram ao trono conhecidas figuras da nossa praça – regional, nacional e internacional – ficamos informados se os devemos ou não adicionar aos loucos e “doentes” de que fala o livro de Pierre Accoce e Pierre Tentchnick.  Séria questão para todos aqueles – todos aqueles somos todos nós! – que levámos nos braços os detentores do poder e mais tarde queixamo-nos deles.
Hoje e amanhã, mais que as flores e o vento e a chuva, povoa-me o cérebro esta incógnita: Em que processo te integraste e seguiste para escolher os que puseste no pódio…do governo, do partido, da autarquia, do clube? Mas, ainda mais tocante e perturbadora é estoutra interpelação: Tu também exerces, de certeza, uma parcela de liderança, em casa, na rua, no trabalho. Com que critérios a conduzes?
A motivação do presente SENSO&CONSENSO advém dos textos bíblicos que neste domingo  serão transmitidos em todos os templos cristãos que há sobre a terra: é a parábola do Bom Pastor. Do bom Líder. “O que dá a vida pelas suas ovelhas”! ((Jo, 10, 1-10).
“Lições de abismo” para quem tem a missão lê-las à multidão!
21.Abr.18
Martins Júnior        

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