sexta-feira, 27 de abril de 2018

O CANTAR DOS PÁSSAROS ANIQUILA O TRIUNFO DOS PORCOS


                                                       
É um encadeamento de metáforas a alegoria do título. Metáforas os substantivos, metáforas os verbos. De verdade, o dia 27 de Abril de 2018 merecia um poema retumbante de avassalar o mundo! Os pássaros são pessoas, mensageiros da esperança. Os porcos são-no também, mas fantasmas repelentes que chafurdam nas pocilgas do poder e nos arsenais da guerra. Para traduzir a semântica do texto poderia colori-la de outras vestes, tais como: o entendimento dos fracos desarma os poderosos, a soma dos pequenos destrona os ditadores, o exército dos escravos derruba as muralhas do império. Sempre assim foi na construção e na reconstrução da história.
         O aperto de mão, precisamente no trágico separador do paralelo “38”, seguido do abraço entre dois corpos e duas nações irmãs gémeas – desavindas há 65 anos - condensa e proclama para todo o planeta aquilo que, para Portugal. significou a alvorada de Abril, nessa gloriosa manhã de 1974. Aqui, em 74, eliminou-se o fascismo adamastor, enterraram-se os machados de guerra entre povos irmãos de aquém e além-mar, enfim, reduziu-se à ínfima espécie o terror exterminador da ‘pide’ e, com ele,  a tortura das masmorras do regime.
         Hoje, com um singelo gesto humano – passo de gigante para a humanidade – eliminaram-se os malfadados esqueletos assassinos que pairavam sobre as nossas cabeças. Hoje, sem um dedo mínimo apontado aos magnatas do mundo, ficaram a falar sozinhos os dois impérios ameaçadores do planeta: América e Rússia. Hoje Putin e Trump já são cartas fora do baralho. Já não são chamados, implorados, a intervir naquela faixa territorial. E não mais alguém precisaria da sua armada, dos mísseis e dos porta-aviões russo-americanos: se os xiitas se entendessem com os sunitas, os israelitas com os palestinianos, enfim, todos os povos fronteiriços entre si. Cairiam do trono, nus como farrapos, os Natanaiu’s, os Erdogan’s, os ayatolah’s de todas as idades e lugares.
São misteriosos, inalcançáveis os caminhos da Paz, tais como os antros da guerra. É sumamente reconfortante pensar que o primeiro passo entre as duas Coreias foi obra – magia ou milagre – dos Jogos Olímpicos de inverno da Coreia do Sul. Escrevi na altura um caloroso voto de confiança sobre o gelo das pistas olímpicas. E continuo a confiar. E a reflectir na lição dos tempos: o divisionismo dos pequenos é que sustenta o império dos grandes!
Mais uma vez, a luz vem do Oriente. Na madrugada de 27 de Abril ouviu-se um novo cantar dos pássaros. Pensemos positivo!

27.Abr.18
Martins Júnior


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