Como aquele irreprimível tropismo que ao dia sucede a noite e
uma estação inelutavelmente dá lugar à
outra, assim a vertigem entre 19 e 20 de
Fevereiro toma conta de mim em cada ano que passa e só lhe encontro antídoto num
assumido esforço de autoterapia, rememorando a “Tragédia Rodavante”, sobretudo
a imprecação à “Estirpe mole e cobarde/Que
chega sempre tarde” e à força reconstrutiva do “Madeirense mareante, Gente firme, Povo atlante”.
TRAGÉDIA
RODAVANTE
Furor
Das águas
bravas
Onde
estavas
Ou
dormias
Oh Velho
Adamastor
Das
illhas mansas,
Sadias.
Donde
vieste
De qual
cerro ou cume
Tume batume
tume
Tumescente
agreste
Desterrando
o velho
Enterrando
o menino
Oh belo horrível
Loucura e
desatino
Oh caixa
de Pandora!
Não
chamem Deus
Nem a
Senhora
Nem
Júpiter nem Zeus
Que o mar
e o trovão
Planetário
em turbilhão
São
amados filhos seus.
Velha
matrona, ilha bendita
Tiveste a
dita
De voltar
à ilha virgem
Do seio
furibundo
Da
criação do mundo
E … oh prole maldita
Estirpe
mole e cobarde
Que chega
sempre tarde
Ao
tormentoso cabo da vida
Madeirense
mareante
Que mesmo
gemendo mão teme
Faz-te ao
largo agarra o leme
Gente
firme Povo atlante,
Rodavante rodavante !
E Machico
tem
Machico
sabe
Que o
Cristo dos Milagres
Não quer
que o mar adormeça
Nem quer
que o fogo se acabe
Venha um
Infante de Sagres
Renasça o
velho Marquês
Pra
levantar dos escombros
De Lisboa
ou do Funchal
Um povo
que é português
A força
que é Portugal !
20.Fev.2010 – 19/20.Fev.2019
Martins Júnior
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