terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

AUTOTERAPIA NO 20 DE FEVEREIRO


                                                          

Como aquele irreprimível tropismo que ao dia sucede a noite e uma estação inelutavelmente  dá lugar à outra, assim a  vertigem entre 19 e 20 de Fevereiro toma conta de mim em cada ano que passa e só lhe encontro antídoto num assumido esforço de autoterapia, rememorando a “Tragédia Rodavante”, sobretudo a imprecação à “Estirpe mole e cobarde/Que chega sempre tarde” e à força reconstrutiva do “Madeirense mareante, Gente firme, Povo atlante”.   


TRAGÉDIA  RODAVANTE



Furor
Das águas bravas
Onde estavas
Ou dormias
Oh Velho Adamastor
Das illhas mansas,
Sadias.

Donde vieste
De qual cerro ou cume
Tume batume tume
Tumescente agreste
Desterrando o velho
Enterrando o menino
Oh belo horrível
Loucura e desatino
Oh caixa de Pandora!

Não chamem Deus
Nem a Senhora
Nem Júpiter nem Zeus
Que o mar e o trovão
Planetário em turbilhão
São amados filhos seus.

Velha matrona, ilha bendita
Tiveste a dita
De voltar à ilha virgem
Do seio furibundo
Da criação do mundo

E … oh  prole maldita
Estirpe mole  e cobarde
Que chega sempre tarde
Ao tormentoso cabo da vida

Madeirense mareante
Que mesmo gemendo mão teme
Faz-te ao largo agarra o leme
Gente firme  Povo atlante,
Rodavante  rodavante !

E Machico tem
Machico sabe
Que o Cristo dos Milagres
Não quer que o mar adormeça
Nem quer que o fogo se acabe

Venha um Infante de Sagres
Renasça o velho Marquês
Pra levantar dos escombros
De Lisboa ou do Funchal
Um povo que é português
A força que é Portugal !


20.Fev.2010 – 19/20.Fev.2019
Martins Júnior

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