Hoje
dizem que é dia de ser bom
de ser poeta lunar
sem métrica sem ritmo e sem rima
Dia de ser vidente
Dia de êxtase necessário e obrigatório
onde nos servem mensagens e missas
coctlail’s cremosos
souflés de chef’s vestidos de neve
saldos fitas lantejoulas
embrulhos tudo embrulhos
cheios de coca e hax
por um dia extraterrestre
À mesa come-se coração de povo
embrulhado em crepes chinesas
E no pinheiro disforme dos generais
mandam ao ordenança
que pendure mísseis e granadas
dentro de luzentes balões azuis
e o Menino --- ai os meninos---
não os esqueçam deitá-los engordá-los
na noite da manjedoura
Para os comermos prontos o ano inteiro
nas valetas nas favelas nos escombros
Chamem os apontadores de morteiro
e ponham alto o Franz Gruber da noite de paz
para abafar o troar dos canhões da guerra
Mais o doce e o champanhe
sedativa anestesia
no meio das estrelas cadentes
dos fogos de artifício
Depois o povo
apanha as canas
e deita-se feliz no estupefaciente das cinzas
Oh Menino de Belém
Escusavas de ter vindo
Eles inventavam-te
Para fazer-te embrulho de uma noite
De abraços visionários
Tão falsos e tão voláteis
Como a fumaça de um hax
Mas um dia e outra noite virão
Aos milhares e milhões
E o colosso coro dos sem-natal
O grito nocturno dos sem-abrigo-global
Partirão bafios de gala e meninos de cristal
Para alcançar o Dia
E cantar cantar cantar
Hoje é Dia de Natal!
29.Dez.14
Martins Júnior
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