segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

À MESA COM O TURMA DE FEVEREIRO: UM BRINDE À CIÊNCIA


No meio desta sucessão de carnavais --- uns profanos, outros sacros --- em que o povo-marioneta  é manipulado pelos fazedores de mitos, o 15 de Fevereiro trouxe-me o arco da ponte do conhecimento que através dos tempos levantaram os construtores da ciência, abrindo-nos os olhos para esse “Maravilhoso Mundo Novo”, de que falava Aldous Huxley, paisagem sem limite que vamos descobrindo no extenso volume do calendário da história. Simbolicamente toco hoje  dois pilares dessa construção em espiral:  a invenção de  Charles Hurley, Steve Chew e Janwed Karim que criaram o  Youtube (15.02.2005) e a descoberta do sistema heliocêntrico,  de Galileu Galilei, nascido em 15 de Fevereiro de 1564. Cinco séculos separam o arco do conhecimento que acabo de citar! Cada qual foi pioneiro e, de certo modo, revolucionário para a época. Ao descobrir que a Terra girava em volta do Sol (e não como ensinava Aristóteles e impunha a Igreja) o genial astrónomo foi julgado pela Inquisição e condenado à fogueira, da qual soube  habilmente escapar, retratando-se  aparentemente  da sua própria descoberta.
É este lado brilhante, encantatório e seguro, que hoje ofereço aos meus amigos como esteio  firme na caminhada por entre a floresta “amazónica” que nós, as gerações de ontem, de hoje e de amanhã, temos de desbravar. A ciência contra a ignorância, a coragem contra o medo, a bravura contra o mito, enfim, a saúde mental contra os fantasmas e adamastores com que os assaltantes do poder nos trazem manietados, apoucados, desumanizados.
O assombro libertador que os investigadores e cientistas nos põem nas mãos e nos olhos perante a magnitude cósmica onde moramos, desde o infinito miradouro dos astros até ao microscópico genoma da nossa estrutura neurovegetativa!!! . Foi neste delírio de encantamento que o nosso  Álvaro de Campos se embrenhou até às entranhas, na esteira do norte-americano Walt Whitman, retomando mais tarde  António Gedeão o maravilhoso da ciência química.   
É bom olhar em redor e ver a altitude  e a profundidade da investida científica  que nos oferece, por exemplo, este segundo mês do ano. Lembro Mark Zuckerberg  que lança o Facebook  em 04.02.2004; lembro Júlio Verne, o exótico aventureiro das viagens futuras, nascido em  08.02.1828,  Charles Darwin, em 12.02.1806, o perfurador sem medo da origem das espécies e do próprio Homem; Gago Coutinho, em 17.02.1869,  pioneiro voador entre Portugal e Brasil; Voltaire, o iconoclasta emancipado, precursor da Revolução Francesa, nascido em 20.02.1694. E ainda, no topo ascensional do pensamento e da liberdade o Pe. António Vieira, de  02.02.1604. Que galeria de honra, extensa e nobre,   nos acompanha neste que é o mais curto mês do ano! E se dizemos que foi gente como nós que massacrou até à barbárie vítimas inocentes  na Antiguidade, na Europa nazi e nos dias de hoje,  levantemos também e bem alto  o  clarim do nosso brio para clamar que foi gente como nós que subiu aos astros e desceu aos abismos afim de restituir,  bela e triunfante, a face do Homem  sobre a terra!
Gente que continua, com o denodo do Prometeu da lenda, a alcandorar até ao cimo o peso da grandeza humana, como acaba de fazer o Laser Interferometer ravitational  Wave Observatory, (Califórnia) ao detectar o fenómeno das ondas gravitacionais, há cem anos pré-visionadas por Albert Einstein! Há que  ter o arrojo inquebrável para desvendar o “Bosão de Higgs” ou “Partícula de Deus”,  o “Big-Bang” e todos os enigmas com que a esfinge das ideologias instaladas no poder autocrático, político ou religioso, pretendem  barrar o livre trânsito do conhecimento.
A maior glória do Criador --- seja ele quem for  --- é aguardar  que os mortais descubram e se deliciem com a beleza oculta da obra saída das suas mãos,  essa  potência energética entregue ao inquilino gratuito do planeta. Haja a coragem do génio e do teólogo Teillard de Chardin, que arraigadamente afirmava:  “A conquista do espaço é um acontecimento marcante, um compromisso com o nosso mais longínquo passado, uma volta às origens em busca do Homem Celeste, nosso irmão gémeo”.   Porque onde há ciência,  há poesia. Forçoso é regressar a Fernando Pessoa, em Álvaro de Campos : “O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo. O que há é pouca gente para dar por isso”.
Sentemo-nos à mesa e brindemos com os  companheiros de jornada que nos traz Fevereiro de 2016!

15.Fev.16
Martins Júnior

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