No
meio desta sucessão de carnavais --- uns profanos, outros sacros --- em que o
povo-marioneta é manipulado pelos
fazedores de mitos, o 15 de Fevereiro trouxe-me o arco da ponte do conhecimento
que através dos tempos levantaram os construtores da ciência, abrindo-nos os
olhos para esse “Maravilhoso Mundo Novo”, de que falava Aldous Huxley, paisagem
sem limite que vamos descobrindo no extenso volume do calendário da história. Simbolicamente
toco hoje dois pilares dessa construção
em espiral: a invenção de Charles Hurley, Steve Chew e Janwed Karim que
criaram o Youtube (15.02.2005) e a descoberta do sistema heliocêntrico, de Galileu Galilei, nascido em 15 de Fevereiro
de 1564. Cinco séculos separam o arco do conhecimento que acabo de citar! Cada
qual foi pioneiro e, de certo modo, revolucionário para a época. Ao descobrir
que a Terra girava em volta do Sol (e não como ensinava Aristóteles e impunha a
Igreja) o genial astrónomo foi julgado pela Inquisição e condenado à fogueira,
da qual soube habilmente escapar,
retratando-se aparentemente da sua própria descoberta.
É
este lado brilhante, encantatório e seguro, que hoje ofereço aos meus amigos
como esteio firme na caminhada por entre
a floresta “amazónica” que nós, as gerações de ontem, de hoje e de amanhã,
temos de desbravar. A ciência contra a ignorância, a coragem contra o medo, a
bravura contra o mito, enfim, a saúde mental contra os fantasmas e adamastores
com que os assaltantes do poder nos trazem manietados, apoucados, desumanizados.
O
assombro libertador que os investigadores e cientistas nos põem nas mãos e nos
olhos perante a magnitude cósmica onde moramos, desde o infinito miradouro dos
astros até ao microscópico genoma da nossa estrutura neurovegetativa!!! . Foi
neste delírio de encantamento que o nosso Álvaro de Campos se embrenhou até às entranhas,
na esteira do norte-americano Walt Whitman, retomando mais tarde António Gedeão o maravilhoso da ciência
química.
É
bom olhar em redor e ver a altitude e a
profundidade da investida científica que
nos oferece, por exemplo, este segundo mês do ano. Lembro Mark Zuckerberg que lança o Facebook em 04.02.2004; lembro Júlio Verne, o exótico
aventureiro das viagens futuras, nascido em 08.02.1828, Charles
Darwin, em 12.02.1806, o perfurador sem medo da origem das espécies e do
próprio Homem; Gago Coutinho, em 17.02.1869,
pioneiro voador entre Portugal e Brasil;
Voltaire, o iconoclasta emancipado,
precursor da Revolução Francesa, nascido em 20.02.1694. E ainda, no topo
ascensional do pensamento e da liberdade o Pe.
António Vieira, de 02.02.1604. Que
galeria de honra, extensa e nobre, nos
acompanha neste que é o mais curto mês do ano! E se dizemos que foi gente como
nós que massacrou até à barbárie vítimas inocentes na Antiguidade, na Europa nazi e nos dias de
hoje, levantemos também e bem alto o clarim do nosso brio para clamar que foi gente
como nós que subiu aos astros e desceu aos abismos afim de restituir, bela e triunfante, a face do Homem sobre a terra!
Gente
que continua, com o denodo do Prometeu da lenda, a alcandorar até ao cimo o
peso da grandeza humana, como acaba de fazer o Laser Interferometer ravitational Wave Observatory, (Califórnia) ao detectar o fenómeno das ondas
gravitacionais, há cem anos pré-visionadas por Albert Einstein! Há que ter o arrojo inquebrável para desvendar o “Bosão
de Higgs” ou “Partícula de Deus”, o “Big-Bang”
e todos os enigmas com que a esfinge das ideologias instaladas no poder
autocrático, político ou religioso, pretendem barrar o livre trânsito do conhecimento.
A
maior glória do Criador --- seja ele quem for
--- é aguardar que os mortais
descubram e se deliciem com a beleza oculta da obra saída das suas mãos, essa potência energética entregue ao inquilino
gratuito do planeta. Haja a coragem do génio e do teólogo Teillard de Chardin,
que arraigadamente afirmava: “A
conquista do espaço é um acontecimento marcante, um compromisso com o nosso
mais longínquo passado, uma volta às origens em busca do Homem Celeste, nosso
irmão gémeo”. Porque onde há ciência, há poesia. Forçoso é regressar a Fernando
Pessoa, em Álvaro de Campos : “O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de
Milo. O que há é pouca gente para dar por isso”.
Sentemo-nos
à mesa e brindemos com os companheiros de
jornada que nos traz Fevereiro de 2016!
15.Fev.16
Martins Júnior
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