Hoje
não posso deixar passar. É dia de demorar-me, colado à porta do nº 87 desta
estranha via-rápida que é a vida, todas as vidas que fazem a história!
É
que 87 anos não são mais que a caixa miniatural onde não cabem os limites sem
limite de um Homem que se ergue, gigante, “boina de marujo ao lado”, olhos vendados
que distinguem a paisagem-longe, inatingível à multidão de retina escancarada.
Alípio
de Freitas --- Sacerdote, Profeta e Rei da nova aliança: Terra feita altar ---
Palavra feita espada --- Império feito campo liberto, pertença dos proletários
do mundo inteiro! Ele que deu vista aos
cegos, acabou perdendo-a para o mundo e abrindo-a para o invisível infinito.
Bem quisera estar hoje na nossa casa
comum – Associação José Afonso – e cantar-te a canção que ele te dedicou. A
canção total que começa em Bragança onde nasceste; percorre a ditadura militar
no nordeste brasileiro (São Luis do Maranhão) onde Vieira arrancara o mais
vibrante “Grito do Ipiranga”, soltou-se para o México, voou para Moçambique e soergeu-se
sempre sobre os escombros das prisões, da tortura, do exílio a que
sucessivamente te condenaram. Até que
chegou, enfim, a “Alvorada de Abril”.
Ainda serás capaz de cumprir, assim
espero, o combinado aí na AJA: vir à
Madeira içar o estandarte da liberdade
no mastro da luta que perdurará até ao fim dos tempos.
Enquanto
não e enquanto procuramos a dura biografia dos teus passos, ficamos com a voz
do Zeca no poema cantado que te escreveu:
Ao lado dos explorados
No combate à opressão
Não me importa que me matem
Outros amigos virão
Diz Alípio à nossa gente:
Quero que saibam aí
Que no Brasil já morreram
Na tortura mais de mil
Um
abraço atlântico de parabéns, Alípio, o Grande!
17.Fev.16
Martins Júnior
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