Um
dia novo está rasgar o mítico horizonte das terras de Tristão Vaz. Chamo-lhe
mítico, porque a sua história tem andado encoberta na névoa de um passado
longínquo, desde os alvores da Descoberta, relativamente ao qual os fazedores
de estórias nem sempre têm dignificado a inteireza da História desta que foi a
primeira capitania da Madeira. E se isto se diz de seis séculos de
transcorrência no tempo, com maioria de razão se pode e deve afirmar sobre as
quatro décadas nascidas no “25 de Abril” de 1974.
Por isso, foi hoje um dia novo, um dia
exaltante aquele que, entre as quatro paredes da reitoria da secular “Universidade
Jesuíta”, viu nascer “a primeira luz do sol sereno” (diria o “Nosso Camões”,
Francisco Álvares de Nóbrega) sobre a verdadeira História de Machico na
construção e consolidação da Revolução dos Cravos em Machico e na Madeira,
através da apresentação, defesa e classificação da tese de mestrado do Dr. Lino
Bernardo Calaça Martins, intitulada “O CENTRO DE INFORMAÇÃO POPULAR–CIP” e o
seu lugar de charneira no processo revolucionário das suas gentes, enquanto polo
aglutinador das reivindicações de um Povo que, desde muito longe, almejava
libertar-se das amarras do absolutismo monárquico e, mais recentemente, da
repressão fascista do, malogradamente
chamado, “Estado Novo”.
Deixarei para outra oportunidade e
outro local a qualidade da prestação do “Candidato a Mestre” para tão-só (e
julgo ser tudo o que ele mais anseia) acentuar a amplitude do periscópio
através do qual Bernardo Martins capta a realidade dos factos, a diversidade e
a riqueza das lutas populares, as muralhas da nova ditadura pós-25 de Abril
impostas pelos poderes governamentais e pelos reaccionários do bombismo, enfim,
toda a conjuntura socio-económico-cultural
que foi preciso enfrentar e ultrapassar, quase sempre pela iniciativa dos vários
sectores profissionais de então, com especial menção para os camponeses, as
bordadeiras, os pescadores e operários da construção civil, dando especial
relevo à população do Caniçal e da Ribeira Seca.
Esta é a obra que faltava para a
compreensão do fenómeno chamado Machico na alvorada de Abril. Para não
desdourar o seu brilho e para não obviar à natural curiosidade dos muitos madeirenses
que desejarão tomar contacto directo com o exaustivo e proficiente trabalho de investigação do Dr. Bernardo Martins, (que esperamos ver publicado brevemente em papel impresso e nas
redes sociais) concluo esta boa nova com um efusivo abraço de congratulação, associando-me aos muitos amigos e intelectuais
ligados a Machico que, com a sua presença, renderam justa homenagem ao novo
Mestre.
11.Fev.16
Martins
Júnior
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