sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

CONTRA A VELHA (DES)ORDEM MUNDIAL, MARCHAR, MARCHAR !!!

                                                                                 


Desde a Rússia e a Ucrânia até aqui basta o gesto de um clic. É connosco o que lá passa. Não obstante a info e a contra-informação, o fio da navalha passa nos nossos neurónios e no sono das nossas noites. Ninguém, por certo, ficará indiferente.

Por isso, daqui de longe (e tão perto) reajo ao tumulto ululante do urso das estepes russas face a todo o planeta, a partir das franjas ucranianas. Não entrarei nas especificidades técnico-militares da invasão – isso está bem patente nos muitos analistas da comunicação social – apenas fixar-me-ei sucintamente em dois tópicos com que a experiência milenar dos humanos conflitos marcou as guerras do futuro.

O primeiro repetiu-se, até à exaustão, com a corrida quase impetrante e contrita ao templo do Kremlin: peregrinos de boa-fé vindos dos EUA, da França, da Alemanha, do Reino Unido. Enfim, a montanha foi ter com Maomé. Para quê?... Para aquilo que hoje se vê. E para o mais que se há-de ver. Rebobinando o filme, tudo não passou de uma enorme frustração, pois estava tudo planeado, municiado, monitorizado ao milímetro. A história há-de registar o heróico esforço presencial (mas auto-flagelante, humilhante, hoje se vê) de todas as altas individualidades estrangeiras  junto de Moscovo na procura da paz, através do diálogo. Mas na mesma medida, do lado de Moscovo, há-de ficar perante todo o mundo a hipocrisia e o fedor de uma estratégia fraudulenta, indigna de seres pensantes, sociáveis e sensatos. Casos como este – e eles repetem-se a nível individual e colectivo – dão razão ao desespero do velho Jeremias, século V A.C., quando explodiu publicamente neste desabafo: “Maldito o homem que põe a sua confiança em  algum dos seus semelhantes”.

Quem disse que nunca invadiria a Ucrânia? Aquele que hoje a bombardeia, às portas de Kiev.

O segundo tópico, polarizador de toda a vida política entre nações, vem de muito longe e cifra-se no brocardo latino: “Si vis pacem, para bellum”: “Se queres a paz, prepara a guerra”. Ou: “Prepara-te para a guerra”.

 Ora, o que está a passar-se diante dos olhos de todo o mundo é a incapacidade da Ucrânia em opor-se ao arsenal bélico da Rússia, uma situação de impotência operacional, agravada pela interdição da intervenção da NATO, impedida, por isso, de penetrar em território ucraniano. Por sua vez a Europa não tem Forças Armadas credenciadas e suficientemente organizadas para entrar no teatro de guerra. Por muito que nos custe a aceitar – e a mim também – a história política, económico-social das nações, os conflitos institucionais, as agressões de toda a espécie, das mais artesanais às mais sofisticadas, tudo isso exige uma estrutura defensiva global, capaz de obstruir o livre trânsito dos malfeitores e açambarcadores, ditadores sem freio.

Foi Mário Soares quem defendeu a criação de um regime de Forças Armadas Europeias, iniciativa que na altura a muitos desagradou, mas  agora tem a sua plena actualidade. Melhor seria não fossem necessárias, melhor estaria o mundo se “todos déssemos uma oportunidade à Paz”. Mas isso é sonho de outro planeta, aquele que será o último a descobrir.

Não foi com estados de alma, com pias orações, com sorrisos nos olhinhos ou nas pestanas dos anjos que o Muro de Berlim caiu ao chão. Foi a acção esclarecida e o denodado esforço das pessoas que realizaram tão gigantesco feito. Paralelamente, aplaudem-se todas as movimentações de apoio à já massacrada Ucrânia, as restrições legais que por todo o mundo se têm registado, enfim, todas as tentativas de isolar a Rússia, não o seu povo mas os seus governantes.

Em 1977, Pierre Accoce escreveu um livro crítico – “Estes doentes que nos governam” – onde, entre outros, figuram Estaline e Hitler. Não estarei longe da verdade se pedir ao autor que inclua nesse elenco um acabado exemplar da híbrida promiscuidade genética desses dois doentes - Vladimir Putin.  Ao total descalabro da sua política destruidora tem o desplante de chamar “Uma Nova Ordem Mundial”.

Pois, contra essa Velha (Des)Ordem Mundial, marchar, marchar!

 

25.Fev.22

Martins Júnior

 

 

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