Com
a aproximação da primavera, vão-se apagando as sombras do confinamento e
começam a luzir as esperançosas promessas da vida plena. Fala-se de
espectáculos e exposições, sobressaindo a EXPOMADEIRA, a mostra-rainha da
actividade económica da ilha. Mas fala-se também do Mar, a simpática ‘economia
azul’, extensão gémea desta porção de basalto colada à espuma das marés.
E como a vida é feita de memórias que se
perdem no tempo, tive a grata surpresa de um amigo que me fez regressar cinco
lustros atrás na história local e desembarcar na praia de Machico, Lá estava,
iniciática mas emotiva, a mensagem do Mar, vaticínio e apelo à tão propalada e
auspiciosa ‘economia azul’. Tinha o despretensioso mas genuíno título de “EXPOMAR/97”.
Para não empanar o brilho da mensagem,
transcrevo a reportagem publicada no decano da imprensa regional, na secção “Beira-Mar”.
“Já nos acostumámos a ouvir dizer que a
primavera é a melhor estação e Maio o melhor mês.
Em 1997 não se pode dizer que “Maio” tenha sido muito melhor
ou pior que outros Maios. Porém, no que à orla marítima se refere, Maio 1997
teve algo de diferente: realizou-se, então, em Machico, a EXPOMAR/97 que foi a
primeira Feira Náutica da Madeira, uma iniciativa da Câmara Municipal de
Machico.
Vários ‘stands’ com expositores, barcos, motores e
equipamentos náuticos foram dispersos entre o Largo e a Alameda da Praça e
vários motivos de interesse náutico, entre miniaturas e “Roda do Leme” do
antigo navio “Gavião”, ex-libris dos transportes marítimos da Madeira há meio
século, e ainda os troféus ganhos pelo iate madeirense “Albatroz”, primeiro a
chegar à meta em Machico na primeira Regata Oceânica Lisboa-Madeira, em 1950.
Uma interessante exposição de fotografias, em que o Mar era o tema, marcou
presença no certame com trabalhos do repórter fotográfico Manuel Nicolau, que
deve ser o artista vivo possuidor da maior colecção fotográfica – sobre assuntos
náuticos da Madeira – em reportagens da sua autoria, com fotos de cantos e
recantos do litoral madeirense e imagens de peixes, desde as pequeninas ‘ruamas’
de cavalas, chicharros, bogas e sardinhas, até aos monstros cetáceos como os
cachalotes com 12 e 13 metros de comprimento: todos esses motivos figuraram na
EXPOMAR/97, além de stands da Madeira, Porto Santo e Açores e quiosques
representativos da Secretaria Regional de Agricultura, Florestas e Pescas,
Parque Natural da Madeira, SANAS, IDRAM –através da Associação Regional de
Vela, Remo e Canoagem, Museu da Baleia, representantes de equipamentos
marítimos, através de firmas locais e do continente português e uma
prestigiante delegação da EXPO/98 com o tema dos OCEANOS.
A animação esteve também presente com actuações de grupos
culturais das várias freguesias do concelho de Machico e ainda a Banda
Municipal daquela localidade. Pormenor bastante interessante – que avivámos ao
consultar o DIÁRIO de 15 de Maio de 1997 –
foi que, além da animação musical, funcionou todos os dias um serviço especial
de gastronomia marítima, designadamente os ingredientes típicos deste concelho,
a cargo de um restaurante do Caniçal.
…………………………………………… ass) Victor Caires, DN, 08/04/2001
Agradeço
ao jornalista Victor Caires, especialista em assuntos marítimos, o ter-me feito
voltar a um tempo de entusiasmo e produtividade, aquando da minha passagem pela
presidência do Município. Jamais esquecerei o seu afã mobilizador na pesquisa
de valiosas peças constantes da EXPOMAR/77 e sobretudo na sua cedência junto
dos respectivos possuidores, a título de empréstimo especial.
Trago
esta breve reminiscência, precisamente no início de um ano que se nos afigura promissor
em iniciativas de largo alcance. Que não empalideça a economia azul!
Saúdo
a Junta de Freguesia de Machico, na pessoa do seu presidente e deputado Alberto
Olim, pela realização anual, em articulação com a Câmara Municipal, do acontecimento “ARTE E PESCA”, um contributo
para que o Mar e as suas potencialidades continuem vivas nesta freguesia e
concelho.
17.Fev.22
Martins Júnior
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