O
texto que o LIVRO nos traz para este
fim-de-semana ultrapassa os limites da nossa prosaica condição humana. É de um
Mundo Novo que Lucas nos fala (Capítulo VI), continuação do incomensurável,
omnitemporal “Sermão da Montanha”. Por isso, refugiei-me no possível horto da
poesia para sonhar com esse “Planeta por descobrir”, mas que afinal habita
dentro de cada um de nós, se quisermos encontrá-lo e construí-lo.
Todos cobiçam e ninguém
alcança
porque ninguém o quer
Lá onde não há ferrolhos nem portas nem janelas
e nas casas não há homem nem mulher
e as divas são iguais às escravas delas
Lá onde a procura de mãos férreas fratricidas
tocam sequer nas mil faces oferecidas
Duas túnicas ninguém tem
porque uma já deu a quem
lhe quis levar a capa e a manta da cama
Os bancos não têm pés nem sucursais
e os juros são juras de quem ama
e não espera apólices usurais
A distância que o separa
Da Terra nossa e das demais
fá-lo nutrir a sordidez amara
Dos humanos suicidas tanques e ossadas
Onde só pão devia haver e olivas verdes onduladas
Ali a indomável lei da gravidade
Enlaça os corpos num
único abraço
E todo o gemido e todo o cansaço
São cânticos de terna fraternidade
O primeiro a ser criado
Será o último encontrado
Na épica aventura do homem navegante
Mais que a Ilha dos Amores
De Camões
Mais que o porto distante
De Chesterton
Mais que a ‘Ilha do outro Mundo’
De Pessoa
Já o trouxera o Nazareno
Ao Mar da Galileia redondo e pleno
Esse planeta que todos cobiçam e ninguém quer
essa estância de outro mundo
não a demandes longe
Para encontrá-lo nem sairás daqui
porque ele está inteiro e claro
dentro de ti
19.Fev.22
Martins
Júnior
Que inveja tenho eu de não ser capaz de "cantar" assim o amor que, tantas vezes, esqueço estar dentro de mim. Não tenho planeta, mas frequentemente ando na Lua.
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