É
tão-só um traço à flor da pele. Porque foi mesmo um rasgo rompante que aflorou
à epiderme do planeta o pregão gutural que o heroico Lula soltou junto do
grande chinês, fleugmático por ser poderoso.
Meio mundo tremeu, outro meio exaltou. Um e outro
esquecem-se
que
Lula falou em Bruxelas, falou na China, falará em Lisboa e voltará a falar no
Planalto. Para um bom poliglota, há uma
única tradução: “Eu só quero a paz no mundo”! E todos os outros dizem o mesmo -
mas por caminhos diferentes: Lula sem armas, Putin com terras roubadas, Xi
Jinping com um mefistofélico ‘sim e nim’. Como observou Gilbert Cesbron, “é o
drama deste mundo, todos têm razão”.
Seja qual a lixívia para branquear ou o
torno para amaneirar ou o anil para azular as palavras, custou ouvir proclamar urbi et orbi que para haver Paz tem de ser o mais fraco a
pagar a factura. Tem de ser o monstro a engolir o pigmeu. A Paz de Putin é a do
ladrão que abraça a vítima depois de lhe
ter roubado a carteira.
Estará Lula de acordo com este contrato
cinicamente bolsonarista?
E se está, terá o Papa Francisco
coragem de repetir o que há menos de um
mês afirmou em defesa de Lula e de Dilma?
“Todos têm razão”, tal como “Todos são
iguais”. Mas há razões que, todas
juntas, valem menos que a Razão. E “há sempre uns mais iguais que outros”.
Um certo nevoeiro ensombra o céu de
Portugal.
Aguardemos
novos discursos coloridos!
17.Abr.23
Martins Júnior
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