segunda-feira, 17 de abril de 2023

NA EUROPA, EUROPEU; NA CHINA, ÉS CHINÊS; EM PORTUGAL, PORTUGUÊS E NO BRASIL, BRASILEIRO

                                                                         


      É tão-só um traço à flor da pele. Porque foi mesmo um rasgo rompante que aflorou à epiderme do planeta o pregão gutural que o heroico Lula soltou junto do grande chinês, fleugmático por ser poderoso.

         Meio mundo tremeu, outro meio exaltou. Um e outro esquecem-se   

que Lula falou em Bruxelas, falou na China, falará em Lisboa e voltará a falar no Planalto. Para um bom poliglota,  há uma única tradução: “Eu só quero a paz no mundo”! E todos os outros dizem o mesmo - mas por caminhos diferentes: Lula sem armas, Putin com terras roubadas, Xi Jinping com um mefistofélico ‘sim e nim’. Como observou Gilbert Cesbron, “é o drama deste mundo, todos têm razão”.

         Seja qual a lixívia para branquear ou o torno para amaneirar ou o anil para azular as palavras, custou  ouvir proclamar urbi et orbi  que para haver Paz tem de ser o mais fraco a pagar a factura. Tem de ser o monstro a engolir o pigmeu. A Paz de Putin é a do ladrão que abraça a  vítima depois de lhe ter roubado a carteira.

         Estará Lula de acordo com este contrato cinicamente bolsonarista?

         E se está, terá o Papa Francisco coragem de repetir o que  há menos de um mês afirmou em defesa de Lula e de Dilma?

         “Todos têm razão”, tal como “Todos são iguais”. Mas há razões que,  todas juntas, valem menos que a Razão. E “há sempre uns mais iguais que outros”.

         Um certo nevoeiro ensombra o céu de Portugal.  

Aguardemos novos discursos coloridos!

 

         17.Abr.23

         Martins Júnior   

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