terça-feira, 11 de julho de 2023

JMJ… ou…JMP? – ALVÍSSARAS PARA O PROGRAMA RTP DO JORNALISTA ANTÓNIO MARUJO

                                                                            


        Quem fizer o balancete do primeiro quartel do século XXI, há-de defini-lo como a nebulosa da “pós-história”, em que entram em cena as ondas da ‘pós-verdade, da pós-modernidade’, dos pós-fácios e de todos os ‘pós’ que, bem monitorizados e, mutatis mutandis, ficam perto daqueles ritmos de outrora, da época medieval, das Cruzadas, das invasões anti--soberanistas da Roma Imperial e, regressando mais longe, dos povos nómadas, recolectores, enfim, da pré-civilização. Todos diferentes na forma ou no fundo, mas todos iguais no impulso genético, a que se dá o atributo de instinto gregário. Unir a tribo, a aldeia, a classe, a cidade, a nação como escudo de defesa ou arma de ataque! É caso para ver-se ‘ao vivo’ a lógica do velho axioma: “os extremos tocam-se”: os da Antiguidade e os do século XXI.

         Não obstante a vertigem hodierna para o isolacionismo que a tecnologia nos proporciona (o mundo todo está neste teclado e neste écran, dentro das quatro paredes do meu quarto) a realidade diz-nos que “o que está a dar” na hora presente é a fúria multitudinária, o volume da encomenda, os mega-decibéis que estremecem o chão e sobem da planta dos pés até ao palanque do olhómetro. O resto é paisagem invisível. Nem é preciso demonstrá-lo, está ao virar da esquina dos dias estivais: são os estrondosos Queenes of  Stone Age, no delírio místico do NOS-Alive, depois a Zambujeira do Mar e afins, a apoteose rubra do ‘filho pródigo’ Di Maria regressado à farda materna, os estádios a rebentar pelas malhas da argamassa, os congressos confessionais, desde ‘Seca e Meca’ até aos Jeovah’s em relvados pujantes de esperança verde-crente.

         E por este atalho, venho a cair na Super-Hiper JMJ.

Logo de entrada, a pergunta não poderá ser outra, senão “Estará a JMJ propositadamente intercalada no maranhão publicitário dos grandes reality show´s que animam o verão quente de 2023?...  E nós, os espectadores, estaremos perante um campeonato mundial de Sub-21, com a Igreja a rivalizar quem leva mais jovens ao luso rectângulo, recém-instalado no Parque Tejo?

Deixando a resposta para outra reflexão, importa considerar os conteúdos  que a JMJ traz para o grande cartaz promocional: a logística, os palcos, o trânsito, a segurança, o milhão de ‘peregrinos-turistas’, os mil bispos, os padres, as freiras, os cardeais, os paramentos, os 150 confessionários, o cadeiral para tantos consagrantes e, no topo, …o Papa!

É caso para uma outra questão: Neste Grande Teatro do Mundo, onde estão os protagonistas, ou, melhor quem são os protagonistas?...Por outras palavras, que lugar ocupam os jovens, além de figurantes, peças de xadrez, degraus de cena para alcandorar aos ombros e promover generais eclesiásticos, marechais da Nação?!

Suponho ter sido esta a preocupação do abalizado jornalista do Sete Margens,António Marujo, ao trazer para o grande público seis programas televisivos, (RTP) sob o expressivo genérico Crandes Esperanças, nas tardes de Domingo. Até que enfim, os jovens ocupam a centralidade de um palco que é seu. que lhes pertence como inspiração originária, motivação e, sobretudo,  desenvolvimento futuro, visto que será deles o mundo de amanhã e deles dependerá a marcha da humanidade. Até porque, conforme anunciado pelo líder da organização, a JMJ, sendo de iniciativa católica, está aberta a todos os jovens, de todas as nacionalidades e todos os credos.

Assim se apresentaram as Grandes Espperanças, com três jovens em cena, um deles muçulmano da Guiné Conakry. António Marujo espelhou aqui pela voz dos jovens (e certamente nos restantes programas) uma visão planetária sobre Guerra e Paz -  o tema proposto – a abrangência ecuménica do magno acontecimento.  Parabéns, por isso.

Para lá das etapas preparatórias de cada região ou país, este programa vem recentrar a essência e os objectivos da genuína JMJ. A não perder!

Na minha interprnetação, ultrapassado está o equívoco em epígrafe. Não é a JMP – Jornada Mundial do Papa ou de Portugal, como querem alguns – mas a auspiciosa alvorada dos jovens para um Mundo Melhor!

11.Jul.23

Martins Júnior  

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