É
um deslumbramento sem ocaso contemplar o
maravilhoso mundo da biologia naquilo que possui de mais íntimo, escondido dos
holofotes dos dinossauros com olheiras do “ homo erectus” do século XXI. A beleza da filigrana produzida pelas anónimas
obreiras dos casulos mereceu bem esse poético compêndio que Maurice Maeterlinck
dedicou À “Vida das Abelhas”. Tanto mais emotivo e atraente quanto se sabe e vê
que nos dias que passam o que conta é o grande plano, o efeito, mesmo sem nada feito,
mas mensurável a olhómetro, enfim, o que é espectacular e retumbante, ainda que
vazio, desde que ensurdeça os ouvidos e
cegue a vista ao transeunte comum. Ele é
nos futebóis, ele é nos partidos, ele é nas mordomias eclesiásticas
pavoneando-se em plumas vermelhas nas praças e estádios.
Por isso “eu gosto muito mais daquela feia”, perdoem-me, mas sinto a voz do
Carlos do Carmo enaltecendo o que, sem
ser vistoso, guarda a riqueza interior
de quem a procura. Foi também nesta perspectiva que E.F.Schumaker concebeu esse maravilhoso livro “Small is beautiful” (O que é pequeno é belo),
um estudo de economia em que as pessoas também contam.
É
nesta óptica que aprecio uma iniciativa que, desde há nove anos, a Junta de Freguesia
de Machico vem realizando sob o signo de “Feira da Saúde”. Feira, porque é do
Povo, pelo Povo e para o Povo. Não se ataviou para a grande ribalta, nem a
nossa “TV” das Madalenas se dignou
dar cavaco (e já lá vai no quarto dia) nem mesmo o solícito novo Secretário da
Saúde se dignou aceder ao convite, nem pessoalmente nem por representação.
Ainda bem, acho eu, porque a iniciativa, particularmente nestes dois anos de
mandato, já está habituada a abrir
caminho sem muletas nem padrinho.
Mas
a verdade é que Machico descobre nesta altura o ouro precioso de um voluntariado profissionalmente conceituado,
ao nível da saúde e sua profilaxia, quer na área do nutricionismo, da
actividade física, nos cuidados primários, quer no rastreio presencial, na
ginástica localizada, no culto da arte
da música e dança. Outro valor acrescentado manifesta-se na agregação
das diversas instituições sediadas em Machico e são muitas --- desde a infância das escolas até à
“terceira idade” --- como pode ver-se no prospecto que aqui se dá por
reproduzido. É uma cidade nova que se encontra e reinventa em cada ano, unindo
corpos e almas.
Cumpre-me
(e nisto acho que envolvo toda a população) felicitar os autarcas da JFM, na
pessoa do seu devotado presidente Alberto Olim, bem como à coordenação da jovem
e dinâmica dra. Ana Isabel Cunha, felicitação esta que se transforma em grato reconhecimento pelo
trabalho consciencioso realizado em prol da saúde desta cidade. É com
iniciativas destas, sem a pesporrência foguetória tão colada a esta Região, que
se faz crescer a cidadania e o vigor de todo um povo. Certamente que também noutras localidades algo se esteja a fazer com
a mesma humildade das abelhas anónimas obreiras do Bem Comum.
Parabéns!
Para cumprimentar-vos , não vejo maneira
mais cordial e mais saudável senão repetir aquele provérbio antigo: “A primeira
e melhor recompensa do dever cumprido é ter cumprido esse dever”.
É
esta a vossa maior glória!
27.Maio.2015
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