“Nosso
Mundo, Vasto Mundo”!
Não
podia encontrar melhor prelúdio do que o título da obra do grande teólogo Yves
Congar – “Nosso Mundo, Vasto Mundo” – para tentar compor um hino triunfal a
todos aqueles que fazem da consciência o
seu estandarte e do seu peito uma bandeira na grande marcha da história ao serviço da
Verdade e do Bem, seja nos himalaias soberanos, seja nos humildes recônditos da
aldeia. Porque os grandes feitos e os
grandes líderes tanto podem emergir na extensão do Vasto Mundo, como podem
florir no terro escasso do “Nosso Mundo”,
por mais remoto que pareça.
Referi-me,
há uma semana, à estatura moral do Papa Francisco, à sua coragem inquebrável e
ao desassombro do seu magistério de Pedagogo e Guia do Homem contemporâneo, usando
por única estratégia o regresso às origens,
ao Evangelho do Cristo histórico. E por isso, à imagem do Mestre, tem sido malsinado pelos inquilinos purpurados do
Vaticano, até ao cúmulo de ficarem indiferentes (senão cúmplices) de cartazes
ofensivos nos espaços públicos da cidade de Roma.
Na
monarquia mais estranha da instituição católica (e em todas as outras religiões) quem enfrenta
o dogmatismo vigente paga-lhe tributo. E a factura exigida é a humilhação, o opróbrio
público, o ostracismo, o martírio enfim. E o mais estranho, ainda, e contra-natura é que os autores do crime são os familiares,
os de dentro de casa, os que comem à mesma mesa. Por outras palavras, os
correligionários, participantes da mesma crença, mais dogmatistas que o dogma,
mais papistas que o Papa, mais evangelistas que o Evangelho. Já o Nosso Cristo
alertara: “Vai haver quem vos mate, pensando que está fazendo um serviço a Deus”.
Digam-no os muçulmanos. E digam-no os bispos cruéis da Inquisição. E digam-no
os cegos, fanáticos tribunais eclesiásticos. “Perdoai-lhes, Senhor, não sabem o
que fazem”. Mas fazem sangue e afogam a voz dos inocentes.
No
entanto, “podem prender-me a mim, mas a Verdade é que não pode ficar presa nem
encadeada” – clamou Paulo Apóstolo perante o tribunal. No mesmo tom, Policarpo,
António Vieira, Luther King, Óscar Romero e tantos outros, “Felizes por serem
perseguidos por amor da Justiça”.
Vêm estas palavras a propósito das acintosos comentários dirigidos, um dia destes no ‘facebook’, ao Padre
José Luís Rodrigues, por comunicadores que se apresentam como arraigados
defensores da Religião, chegando ao desplante de o apelidaram de ‘demónio’, conforme
desabafo do próprio.
E
porquê?... Porque o Padre JOSÉ LUIS RODRIGUES é um pedagogo, um mestre, um guia
que tem a coragem de sair à rua, através das redes sociais, serve à mesa do seu
suculento “Banquete da Palavra” todos quantos têm fome e sede da Verdade,
desdobra publicamente as novas descobertas de outros pensadores, as vivências e
as ressonâncias de tantos homens e mulheres que corajosamente desbravam as
florestas do obscurantismo para que a luz transbordante do conhecimento penetre
em cada um de nós. E acima de tudo, um homem de acção, intrépido, coerente e
consequente. Dele bem poderia dizer o
nosso clássico Sá de Miranda aquilo mesmo que, no século XVI, escreveu em Carta a D.João
III:
“Homem
d´um só parecer/ dum só rosto e d´uma só fé/ d’antes quebrar que torcer/ Outra
coisa pode ser/ Mas da corte homem não é”. (Hoje diria: “Mas da cúria homem
não é”)…
Contrariamente
aos detractores, “iluminados” pelas trevas da ignorância, ele tem o merecido apreço de milhares de
leitores que o seguem atentamente e já não passam um só dia sem alcançar a
nascente da água da sabedoria que generosamente flui da sua escrita. Da minha
parte e da parte da população da Ribeira Seca, jamais esqueceremos a sua
surpreendente coragem em denunciar o atentado da diocese quando, em 8 de Maio de 2010, o responsável eclesiástico não deixou que a
Imagem Peregrina entrasse no adro e na igreja desta porção do Povo de Deus. Agradecemos
a sua disponibilidade sincera em participar e ensinar à nossa gente a Palavra
nas celebrações festivas do Orago. Gesto nobre, eminentemente cristão, como o
fez o falecido escritor Padre Alfredo Vieira de Freitas, como o fazem o Padre
Tavares Figueira, o Prof. Dr. Pe. Anselmo Borges, o benemérito Padre Jardim
Moreira, o teólogo Frei Bento Domingues, o Padre Armando Rodrigues.
No
meio da apagada mediocridade da paisagem diocesana, a começar pela cúpula, a
Madeira pode justamente ufanar-se de ter alguém que possui a estatura de Moisés para subir à montanha e daí lançar
sementes de estrelas e “canções ao vento que passa”!
Padre
JOSÉ LUÍS RODRIGUES! Que nunca a voz lhe
doa nem essas mãos afrouxem na tribuna da palavra e no estendal da escrita! Ao
Papa Francisco também o contestam. E ao Nosso Cristo os donos da religião
disseram que tinha o demónio no corpo. O Povo esclarecido é quem vai segurar o inspirado “chef”
do “BANQUETE DA PALAVRA”!
09.Fev.17
Martins Júnior
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