quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

ENTRE a geringonça I e a GERINGONÇA II --- O ALARME ESTÁ LIGADO 24 SOBRE 24 HORAS !!!


É este um olhar de síntese, como o de quem vê  da varanda do miradouro mais amplo a paisagem do extenso vale a seus pés, com as saliências, as reentrâncias, as nervuras dos caminhos e veredas, o casario disperso, enfim, o essencial e o circunstancial. E é,  por isso mesmo,   um risco de cálculo esta preocupação de combinar a  síntese com a análise, sem perder a  primeira e sem se perder na segunda. Porque a vida, tal como a história  – seja ela individual ou colectiva, económica ou política,  hormonal ou afectiva – segue sempre o ritmo binário: o fim e a circunstância. O fim ou objectivo é uno, mas a circunstância é múltipla. E o  maior perigo que nos espreita  neste longo percurso é quando, por uma circunstância, se liquida o fim. É o elucidário de todas as vidas.  Quantas vezes e em quantos casos, por causa de um parágrafo, de uma linha, de um vocábulo até, borramos toda a escrita?!...
Insisto neste preâmbulo porque considero-o o guião e o crivo por onde quero deixar o meu olhar preocupado por sobre o panorama actual do país, tendo como pano de fundo a conjuntura ocorrida em 2011 que amarrou os portugueses à corda fatal da troika. Permitam-me catalogá-la como a geringonça, a primeira, experimental, negativa, fatídica. Em contraste com a outra Geringonça, a segunda, a positiva, a promissora. Não haverá, por certo, quem duvide que esta, a segunda, veio redimir a primeira. Tenho a convicção de que o contrato histórico das “Esquerdas” ganha cada vez mais consistência, por parte do BE, do PCP e do PEV, porque estes não esquecem o trauma e a temerária aventura de se terem unido à Direita para derrubar, em 2011,  o governo minoritário de então,  assim escancarando os portões do país à entrada do pérfido “Cavalo de Tróia”, reeditado no voraz dinossauro chamado Troika.
Entretanto,  parece que  sopraram ultimamente uns redemoinhos pré-desestabilizadores, sob a forma de propostas talvez aceitáveis, ditadas pela originalidade programática dos respectivos partidos, mas manifestamente circunstanciais, senão mesmo inviáveis, em termos de equilíbrio orçamental e, no limite, não contempladas nos  acordos inicialmente assumidos. Devo dizer que me trouxeram desassossego tais  especificidades parlamentares,  precipitados saltos de circunstância, sobretudo ao verificar a esfomeada  avidez com que a Direita se lhes colou logo e abraçou no Parlamento e fora dele, num aberrante parto contra-natura, capaz ( a Direita)  de todas contradições e perjúrios, de renegar a identidade, ‘pai e mãe e irmãos, só para retornar a 2011. Cuidado com as perigosas alianças! O degredo financeiro de quatro anos jamais se esquecerá .   É caso para repetir a velha máxima: Time danaos etiam donna oferentes – “Teme, livra-te dos gregos, mesmo quando te oferecem presentes”. O presente na época  foi, precisamente, o “Cavalo de Tróia”.   Volvidos séculos, já temos idade de aprender. O brilho circunstancial pode ofuscar o porto de chegada, o objectivo essencial desta viagem histórica.
Felizmente, a nau retomou o rumo. Na recente polémica dos “bilhetinhos” de Domingues para Centeno e de Centeno para Domingues que a Direita, ressabiada pelo sucesso orçamental da Geringonça II, pretende escavacar com um escrúpulo mórbido, felizmente – repito – os  partidos da Plataforma têm tido o discernimento e a serena visibilidade de não cederem à tentação do circunstancial, porque o  essencial é atingir o fim, restituir a soberania e a dignidade a Portugal e ao seu Povo. Parabéns e Força!
O alarme está permanentemente ligado: geringonça I  -  nunca mais!
   
15.Fev.17
Martins Júnior





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