quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

QUEM É QUE O SEGURA?... TALVEZ NENHUM DESTES!


Porque a um dia ímpar outro se lhe segue, retomo o relato de ontem,  31 de Janeiro,  para fazer o “passe” de golo e entrar confiante e auspicioso na baliza do 1º de Fevereiro. E é só isso – um toque, uma passagem de nível, em crescendo, sem perder o balanço do corpo e das ideias. A propósito da vitória dos “infantis” do Moreirense sobre os craques “internacionais” do Braga, reaprendi a estratégia de treino, aquela de que o mundo mais precisa: descobrir que é nas estruturas básicas da sociedade que se desenha e fortalece a solidez da pirâmide. Não é o vértice que a segura, tal como não é o telhado sobranceiro que garante a arquitectura da prédio.
Terminei a reflexão de ontem com uma evidência que tantas vezes a esquecemos e até negamos, ou seja, as transformações sociais nunca nascem nos tronos engalanados do poder, mas no chão anónimo dos campos lavrados, subindo até ao cume da montanha. Esse chão, húmus de pura seiva, somos nós.  No Deve-e-Haver dos contabilistas usurários, Donos Disto Tudo, cada um de nós não passa de mais um número a assentar à soma das parcelas do lucro vil.  Mas - e é deste trunfo que mais se precisa – cada um de nós é a soma partilhada, a riqueza produzida, a força e a alavanca do mundo. Quando um Povo perde (ou nem sabe sequer) o dom desta convicção,  já entra derrotado no estádio.
Mas quando, por  raro privilégio da história, surge alguém que no alto do pedestal é o primeiro a avançar e a fazer crescer o monumento vivo da condição humana, então é urgente segurá-lo, abraçá-lo, alcandorá-lo. Citei ontem o caso do Papa Francisco. Entretanto, os filhos das trevas,  com pele de  púrpura,  no Vaticano, os que nasceram dos ossos das múmias do poder cardinalício, querem afogar o sol renascente, mobilizador. O meu amigo Padre José Luís Rodrigues tem sobejamente descrito no seu “Banquetes da Palavra” alguns desses estranguladores da evolução espiritual e civilizacional, entre os quais os da chamada “Congregação para a Fé” (os tais da “Constituição Dogmática”) cujo corifeu dá pelo nome de cardeal Burke. Como é possível viver lado a lado, coabitar sob o mesmo tecto, sabendo que aqueles que juraram fidelidade ao Papa, afinal, são os seus mais vis detractores, os mais pérfidos traidores?!
É preciso segurar Francisco, “aquele que veio do fim do mundo” para nos fazer descobrir a beleza, a paz e a fraternidade do nosso mundo. E quem o segura?... O antecessor sucumbiu e desertou.  Quem o agarra pelo tronco para não cair?... E quem lhe levanta os braços para não desfalecer, como a Moisés no alto do Monte Sinai?...
Nós. Cada um de nós. Os cristãos de base. Mulheres e homens, nascidos da Terra e do Espírito!

         01.Fev.17

         Martins Júnior

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