Porque
a um dia ímpar outro se lhe segue, retomo o relato de ontem, 31 de Janeiro, para fazer o “passe” de golo e entrar confiante
e auspicioso na baliza do 1º de Fevereiro. E é só isso – um toque, uma passagem
de nível, em crescendo, sem perder o
balanço do corpo e das ideias. A propósito da vitória dos “infantis” do
Moreirense sobre os craques “internacionais” do Braga, reaprendi a estratégia
de treino, aquela de que o mundo mais precisa: descobrir que é nas estruturas básicas
da sociedade que se desenha e fortalece a solidez da pirâmide. Não é o vértice
que a segura, tal como não é o telhado sobranceiro que garante a arquitectura
da prédio.
Terminei
a reflexão de ontem com uma evidência que tantas vezes a esquecemos e até
negamos, ou seja, as transformações sociais nunca nascem nos tronos engalanados
do poder, mas no chão anónimo dos campos lavrados, subindo até ao cume da
montanha. Esse chão, húmus de pura seiva, somos nós. No Deve-e-Haver dos contabilistas usurários,
Donos Disto Tudo, cada um de nós não passa de mais um número a assentar à soma
das parcelas do lucro vil. Mas - e é
deste trunfo que mais se precisa – cada um de nós é a soma partilhada, a
riqueza produzida, a força e a alavanca do mundo. Quando um Povo perde (ou nem
sabe sequer) o dom desta convicção, já
entra derrotado no estádio.
Mas
quando, por raro privilégio da história,
surge alguém que no alto do pedestal é o primeiro a avançar e a fazer crescer o
monumento vivo da condição humana, então é urgente segurá-lo, abraçá-lo,
alcandorá-lo. Citei ontem o caso do Papa Francisco. Entretanto, os filhos das
trevas, com pele de púrpura, no Vaticano, os que nasceram dos ossos das
múmias do poder cardinalício, querem afogar o sol renascente, mobilizador. O
meu amigo Padre José Luís Rodrigues tem sobejamente descrito no seu “Banquetes
da Palavra” alguns desses estranguladores da evolução espiritual e civilizacional,
entre os quais os da chamada “Congregação para a Fé” (os tais da “Constituição
Dogmática”) cujo corifeu dá pelo nome de cardeal Burke. Como é possível viver
lado a lado, coabitar sob o mesmo tecto, sabendo que aqueles que juraram
fidelidade ao Papa, afinal, são os seus mais vis detractores, os mais pérfidos
traidores?!
É
preciso segurar Francisco, “aquele que veio do fim do mundo” para nos fazer
descobrir a beleza, a paz e a fraternidade do nosso mundo. E quem o segura?...
O antecessor sucumbiu e desertou. Quem o
agarra pelo tronco para não cair?... E quem lhe levanta os braços para não
desfalecer, como a Moisés no alto do Monte Sinai?...
Nós.
Cada um de nós. Os cristãos de base. Mulheres e homens, nascidos da Terra e do
Espírito!
01.Fev.17
Martins
Júnior
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