Não
obstante a vozearia absorvente destes dias e destas noites que passam por nós como
meteoros coloridos e arrastam mais de meio mundo nas farturas do seu bojo, entendo
incontornável fixar o olhar naquele que, estando ausente, é que deve ocupar o
palco desta quadra, porque é dele – e é Ele próprio – o guião de todo este
filme.
É
desse Menino que vou tecer o manto dos dias ímpares, tentando decifrar o enigma
proposto neste mesmo lugar. “QUE TAMANHO TEM O TEU MENINO”?... No coração das
chamadas “missas do parto” e fazendo parar por momentos o reboliço que as
contagia, interrogo-me sobre que rosto encontrarei quando Ele passar. Ou que
veste trará quando chegar.
De
entre todas os altíssimas e inspiradas metáforas que Lhe atribuíram os oráculos
proféticos do Velho Testamento, a síntese que as define e condensa parece-me
poder exprimir-se pela fórmula, a um tempo vulgar e sublimada: o Grande
Caminheiro! O bandeirante que vai luminoso na vanguarda, o que desbrava as florestas
densas, o que dissipa as nuvens negras que não deixam ver a Estrada da Luz
directa ao Sol. Fazedor de caminhos, construtor de clareiras seguras, satélite
condutor do Gps da História! Ele próprio di-lo-á mais tarde, convicta e
desassombradamente: “Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida”.
Quantos
caminhos esse “Menino Gigante” - e “Gigante Menino”- abriu nos olhos sem
bússola do Homem viandante de todos os tempos! Percorrerei as pistas
essenciais, a primeira das quais é a “Estrada do Conhecimento”. O afã incontido
que tenho em descobri-la é proporcional à revolta interior perante aqueles que
reduziram o “Menino-Gigante” a um ‘intertainer’ produtor de fenómenos
emocionais, alheio (senão mesmo opositor) à descoberta do universo profundo que
habita dentro e fora do ser humano. Aprisioná-lO nas paredes opacas de um oratório é assassiná-lO.
É crime de lesa-humanidade privar-nos da “ânsia de subir e da suprema cobiça de
transpor” inatas na natureza humana. A Criança que trouxe um plano libertador –
“O Homem mais inteligente da História”, como classificou Augusto Cury - não pode confinar-se a um mero “objecto de
culto”. Pelo contrário, será um filão vivo, transportador e motivador de cultura. A fé
nunca poderá arvorar-se como censora da ciência, ela mesma. Têm de encontrar-se,
inevitavelmente. Investigar corajosamente, descobrir a riqueza escondida desde
o princípio do mundo – eis o mandato outorgado no Livro do Génesis: “Povoai a
terra e dominai-a”!... Partindo do hipotético princípio do criacionismo puro,
seria um absurdo que o Supremo Arquitecto não nos deixasse “ver”
cientificamente a maravilha que criou.
É
atribuída a Louis Pasteur esta declaração solene: “Por aquilo que estudei e sei
no campo da ciência, tenho a fé de um aldeão bretão. Mas se mais estudasse e
soubesse teria a fé de uma aldeã bretã”.
Não
ter medo de desbravar os “mistérios” do universo! O Grande Caminheiro disse-o um dia: “Pai, uma
só coisa Te peço – que Te conheçam”. E o Baptista interpelava os próprios
conterrâneos: “No meio de vós, já está Alguém que não conheceis”.
17.Dez.17
Martins Júnior
Sem comentários:
Enviar um comentário