Com
o rodopio das “missas-do-parto”, começa também o corre-corre dos presépios,
cada qual a rivalizar com outro tal, sobretudo no figurino das imagens e,
nestas, particularmente a do Menino. Grandes e pequenos, rechonchudos ou mal
nutridos, olhinhos azuis, madeixas louras, ei-los na ribalta da ‘lapinha’, às
vezes até puxando ao ridículo pela desproporção de cena.
Qual
é o tamanho do teu Menino? Boa pergunta, dirão alguns, adivinhando e glosando a
resposta antecipada. Lembrar-se-ão os meus colegas ‘blogers’ de ter escrito, a
propósito do actual Papa: “Nasceu-nos um Menino…com 80 anos”. Hoje, por
coincidência de contrastes, recebi um bem concebido postal de Boas-Festas do Padre
Prof. Armando Rodrigues, de Aguada de Baixo, Aveiro, com a não menos original mensagem:
”Nasceu-nos um Gigante”. A ilustrá-la via-se uma imagem do Menino pequenino.
Mimoso, profundo, exacto o pensamento deste meu amigo!
Porque
este tempo de expectativa não o é de longas leituras, aí fica o convite para
puxar a fita métrica e vá lá de medir o Menino, da cabeça aos pés. Mas há uma outra
bitola, aquela que nos vem de um dos princípios gerais da filosofia. Quidquid
recipitur ad modum recipientes recipitur – tudo o que é recebido é à
maneira do recipiente que é recebido, ou seja, toma a forma e o tamanho de quem
o recebe. Belíssima síntese das emoções humanas!
Nesta
interpretação, fica patente que para um gigante, o Menino adquire a altitude de
um Gigante. Para um míope, curto de vista e mentalidade - pior se for anão – o Menino não passa de um
manequim raquítico, uma excrescência inócua, senão mesmo um atrapalho que dorme
o ano todo na poeira do baú. É a mentalidade que forma ou deforma o
protagonista do Natal, não o gesso, a porcelana, o barro, o pau de que é feito.
A beleza do Menino está na cor dos teus olhos e não nas lantejoulas com que o
cobres. Conheço um amigo não crente (confessa-se mesmo ateu) mas tem a melhor
colecção que até hoje já vi de imagens do Cristo Crucificado. Que medida terão
elas” Só aquela com que o meu amigo descrente as recebe.
Para
muitos, o Menino nem sequer faz parte do Natal, tão absorvidos que estão com
tudo o lhe é estranho, quantas vezes, contraditório. Começo amanhã, mais
cautelosa e aprimoradamente, a medir a estatura do ‘meu’ Menino. E o teu, que
tamanho terá?
15.Dez.17
Martins Júnior
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