quinta-feira, 25 de abril de 2019

EM MACHICO, A RENASCENÇA DE ABRIL

                                                                 

Digam lá os cientistas da vida, expliquem biólogos, sociólogos, filósofos -  e até “sábios da escritura – que segredo é este da natura”: aos 45 anos,  a vida se renova, as células reanimam-se  e um organismo a cair no meio século reveste-se de infância e juventude.
E isso foi o que Machico viu hoje e testemunhou a céu aberto. Viu, cantou, exultou tanto tanto que até a pedra roliça da calçada do antigo Largo parecia recuperar o brilho e a euforia de há quatro décadas.
   Foi o 45º aniversário do 25 de Abril de 1974! Livre de protocolos enfatuados, solto na praça pública, infante renascido naquele mesmo berço de outrora, onde se cantou a plenos pulmões a “Festa do Povo/ O Povo que trabalha/ E faz  o mundo novo”!!!   
Mas hoje tudo se transfigurou. Reconhecendo, sem sombra de dúvida, a gratidão e a homenagem à geração que fez o “25 de Abril”, hoje  tudo foi entregue às crianças e jovens de Machico. Foram eles os protagonistas da festa. Desde os do Ensino Básico até aos do  Secundário, o centro da velha cidade pareceu regressar àquela hora primeira de ver a luz do sol nascente.
   Enquanto em outras paragens e em outros salões doirados, vedados ao Povo, tarefeiros da política esguedelhavam argumentos e bracejos já poluídos pelo tempo, aqui só embalava Machico uma onda ininterrupta dos cantares de Abril, evocando Zeca Afonso, José Mário Branco, Vitorino e Janita Salomé, todos estes que já tinham cantado ao vivo em terras de Tristão Vaz.
Belo, belíssimo. Doce e saudável
Em jeito de cartaz-mensagem, ficou patente que o “25 de Abril” conjuga-se em três tempos verbais: Houve, Há e Haverá:
Em mim e na minha geração, Houve “25 de Abril”!
Hoje, aqui e agora, com estas crianças e jovens, pais e professores, “25 de Abril”!
Amanhã, com as gerações vindouras, podemos augurar que Haverá “25 de Abril”!
É assim que se escreve nas estrelas e no chão da terra: “25 de Abril-Sempre”, enquanto vozes frescas e sadias fazem ecoar pelos fundos do vale esta canção:

Ó Terra Nova, raiz de um mundo novo,
Gente de luta, mas formosa e gentil,
Tu serás sempre a voz do nosso Povo
Machico sempre – sempre Terra de Abril”

25.Abr.19
Martins Júnior

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