Digam
lá os cientistas da vida, expliquem biólogos, sociólogos, filósofos - e até “sábios da escritura – que segredo é este
da natura”: aos 45 anos, a vida se
renova, as células reanimam-se e um
organismo a cair no meio século reveste-se de infância e juventude.
E
isso foi o que Machico viu hoje e testemunhou a céu aberto. Viu, cantou,
exultou tanto tanto que até a pedra roliça da calçada do antigo Largo parecia
recuperar o brilho e a euforia de há quatro décadas.
Foi
o 45º aniversário do 25 de Abril de 1974! Livre de protocolos enfatuados, solto
na praça pública, infante renascido naquele mesmo berço de outrora, onde se
cantou a plenos pulmões a “Festa do Povo/
O Povo que trabalha/ E faz o mundo novo”!!!
Mas
hoje tudo se transfigurou. Reconhecendo, sem sombra de dúvida, a gratidão e a
homenagem à geração que fez o “25 de Abril”, hoje tudo foi entregue às crianças e jovens de
Machico. Foram eles os protagonistas da festa. Desde os do Ensino Básico até aos
do Secundário, o centro da velha cidade
pareceu regressar àquela hora primeira de ver a luz do sol nascente.
Enquanto
em outras paragens e em outros salões doirados, vedados ao Povo, tarefeiros da
política esguedelhavam argumentos e bracejos já poluídos pelo tempo, aqui só
embalava Machico uma onda ininterrupta dos cantares de Abril, evocando Zeca
Afonso, José Mário Branco, Vitorino e Janita Salomé, todos estes que já tinham
cantado ao vivo em terras de Tristão Vaz.
Belo,
belíssimo. Doce e saudável
Em
jeito de cartaz-mensagem, ficou patente que o “25 de Abril” conjuga-se em três
tempos verbais: Houve, Há e Haverá:
Em
mim e na minha geração, Houve “25 de
Abril”!
Hoje,
aqui e agora, com estas crianças e jovens, pais e professores, Há “25 de Abril”!
Amanhã,
com as gerações vindouras, podemos augurar que Haverá “25 de Abril”!
É
assim que se escreve nas estrelas e no chão da terra: “25 de Abril-Sempre”,
enquanto vozes frescas e sadias fazem ecoar pelos fundos do vale esta canção:
Ó Terra
Nova, raiz de um mundo novo,
Gente de
luta, mas formosa e gentil,
Tu serás
sempre a voz do nosso Povo
Machico
sempre – sempre Terra de Abril”
25.Abr.19
Martins Júnior
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