Ninguém dorme esta noite
Porque é de cinzas e lume a enxerga
Onde se deita
L´Île
de France já não é ela
É arquipélago planetário terra nossa
Crematório total
Onde vejo tombar marmóreos gritos
flamejantes
Mãos erguidas em ogivas milenares
Soberbas coroas napoleónicas
E braços ressequidos dos escravos
Que levantaram Notre Dame
No inferno dos homens
Jazem em chamas a Senhora Nossa, Rainha
e Mãe
E Joana Princesa, a d’Orléans
No segundo holocausto da fogueira
…………..
Até quando, humanos de aço,
Será preciso regar com lágrimas
As cinzas do que fomos e somos
Para que chegue outra vez
A primavera?!
……………….
Lá longe uma criança
Dorme proscrita no chão da areia
Uma onda breve serve-lhe de mortalha.
Mais uma catedral a arder à beira de
água
Sem ter ninguém que lhe valha…
15.Abr.19
Martins Júnior
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