É
trégua e luta, é guerra e paz, é luz e sombra o que se nos mostra nesta
transição entre uma semana e outra. Valeu a pena cumprir o ensejo de revisitar
o LIVRO nesta curva de caminho. Porque nele se levanta o mais veemente grito
revolucionário em apenas duas linhas de texto. Mais decisivo que as eleições
francesas, mais estratégico que a guerra na Ucrânia e mais eficaz que todas as
prédicas e votos pios emanados das cúpulas confessionais.
Duas
linhas – insisto – projectam rios da
mais retumbante claridade sobre o mundo de ontem, de hoje e de amanhã. Duas
linhas apenas calam as armas e reacendem lutas antigas, inundam de festa os
casebres sombrios e fecham os umbrais dos bacanais onde se bebe em taças de
cristal o sangue dos oprimidos.
Aí
estão:
“Doravante não haverá
mais diferença entre judeu e grego, escravo
e cidadão livre, nem mesmo entre homem e mulher”. (Gálatas, cap.3).
Antes
e em vez de pulverizar em comentários de circunstância o empoderamento
transfigurador desta proclamação de Paulo, fixemo-nos nos três vectores –
princípios, códigos, normas imperativas – que nos propõe o Apóstolo das Gentes:
vencer todas as formas de racismo, abolir a escravatura, venha de onde vier,
instaurar definitivamente o regime que estabeleça a igualdade de direitos e
deveres na capciosa e perturbadora questão de género.
São
estes os focos de todas as guerras e são estes os paióis satânicos onde se
fabricam e armazenam todos as armas. Desde as grandes potências internacionais
até aos subterrâneos mais esconsos da actividade humana, inclusive a violência
doméstica!
Muito
antes das revoltas sociais que resultaram na destruição de regimes
imperialistas; muito antes da Revolução Francesa, promotora dos ideais de Igualdade,
Liberdade e Fraternidade; muito antes de todos os ‘Abris’ de todo o mundo -
muito antes, já o Nazareno e seus sequazes apregoaram um reino novo, onde todos
teriam o seu lugar amado e respeitado.
Caberia
aqui fazer o paralelo entre o texto e os factos, a realidade de hoje. Deixo-o,
porém, ao vosso critério, porque é esse o vosso contributo para que estes
escritos cumpram o seu único desígnio.
Apenas
o desabafo de Maatma Gandhi: “Adoro Cristo, mas odeio os cristãos”, aqui
incluindo a própria Instituição.
“Falta
cumprir Portugal” – é a constatação e denúncia de poetas e visionários lusos,
ao longo da nossa história. Muito sucintamente, mas com muito por reflectir e
clamar: “Falta cumprir o Cristianismo”. Sobretudo neste tríplice projecto revolucionário
e pacificador!
19.Jun.22
Martins Júnior
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