Foi
em 2 de Abril de 2011. Após a morte súbita, aos 20 anos de idade do Luis
Filipe, nosso amigo, colaborador e elemento da nossa Tuna, escrevi esta mensagem
que nunca tinha tido coragem de entregar à Natália, sua mãe. Neste dia (ontem), passado o primeiro lustro, na comemoração comunitária do 5º aniversário
do trágico acontecimento, entrego finalmente a uma mãe, até hoje inconsolável, a antiga mensagem, extensiva ao marido e ao
novo rebento, a Vitória, renovada
primavera daquela casa.,
Ele
era o cordão umbilical
Que te ligava à terra
E
onde corria o ar que respiravas
Era
ele que trazia
Cada
noite cada dia
O
arco doce
De
uma manhã de Abril
Por
mais negro que fosse
O
basalto das montanhas circundantes
E
mesmo que o sol se finasse
E
o sangue já não corresse
No
seu passo de menino
Na
sua face
Os
trilhos ficavam de luz
O
basalto era ouro fino
Que
se abriam à tua passagem
E
por ser único
Nenhum
outro se te dava
Mas
um dia – e ontem foi –
O
menino fez viagem
O
mar largo sem retorno
Veio
buscá-lo
Na
manhã de Abril
Levou
consigo todas as manhãs
A
mãe-terra e o cordão
Cortaram-te
a respiração
Vi-te
então
Imagem
sagrada
Olhos ausentes pele inteira de lilás
A
maior das Pietás
Com
um filho morto nos braços
Amanhã
Vou
ajudar-te a deitá-lo no berço branco e breve
Do
universal navio
Que
atravessa aquele rio
De
lágrimas lavrado
Em
demanda inacessível
Da
Ilha do outro mundo
Deixa-o
ir
Não
chores mais
Talvez
a encontre, a Ilha inexistente
Aos
olhos dos que esperam
Na
amarração deste cais
Tão
novo
Deixou-te
o testamento
Das
vinte estrelas gigantes que lhe acendeste
Abre
as mãos e vê
Galáxias,
vezes vinte mil, renascidas
Das
estrelas que voaram
Entre
as cinzas de outras vidas
De
Natal foi o seio
De
onde veio
De
cravos
A
mortalha que o levou
Acredita:
Um
dia virá
De
acordes alleluiah
E
uma vitória infinita
Ao
mundo proclamará
O
que ainda não ouves nem vês:
Serás
“Natália” de novo
E
será Abril outra vez
03.Abr.2016
Martins Júnior
Martins Júnior
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