Duas
datas históricas: 9 de Maio/1986 8-9 de Maio/2010. Qual delas nos toca mais de
perto ? Tudo relativo. Depende da conjuntura em que cada pessoa e cada terra se
envolvem numa ou noutra data.
Começo
pelos 30 anos da entrada de Portugal na CE. O que pareceu um sonho dourado está
a poluir-se de treva e hipocrisia. A aparente generosidade dos países ricos
em emprestar dinheiro tornou-se numa mafiosa
armadilha em que caíram os países pobres. As pontes entre uns e outros não são
feitas do cimento da união, mas tão-só da mais fria e calculista exploração.
Satânica bondade: emprestam, mas com a condição de criar mais pobreza e mais
dependência! Neste conluio maquiavélico todos
lavam as mãos na “bacia de Pilatos” e atingem os requintes do velho farisaísmo.
Foi
o que sucedeu na última sexta-feira, 6 de Maio, em Roma quando “os principais
dirigentes da EU se dirigiram em procissão ao Papa Francisco para lhe
entregarem o alto galardão ‘Le Prix Charlemagne’ – um gesto de merecida recompensa ao actual Unificador da Europa, mas
que, no fundo, reflecte a situação trágica em que se enredaram os representantes europeus, ou seja, a
incapacidade de resolver as crises do Velho Continente: migrações, desemprego,
exclusão”.
A
citação é do editorial de Le Monde
que, numa tirada de humor corrosivo,
observa: “Incapazes (por sua culpa) de construir a Europa terrestre,
refugiam-se na Europa celeste”. E sublinha: ”O Papa, pelo contrário, recém-vindo
da ilha grega de Lesbos, onde condenou a indiferença global face aos refugiados,
não se remeteu à Europa celeste. Diante dos próprios denunciou vigorosamente: Que foi que te aconteceu, Oh Europa humanista,
Paladina dos direitos humanos, da democracia e da liberdade?...longe de gerar valores, condenas os nossos povos à mais cruel
pobreza, que é a exclusão!... Peço-vos que devolvam à Europa o renascimento de
um novo Humanismo…
Que
vigor, que estatura, que grandeza de liderança dos valores humanos, em luta
pela “Europa terrestre”, sem a qual não haverá a “Europa celeste” , onde
supostamente e, ainda mais, hipocritamente pretendem camuflar-se os líderes
europeus!
Pesemos
bem a máxima de Francisco Papa: A pobreza
mais cruel é a exclusão! E tanto chega para alcançar-se a mensagem do
Pastor Supremo para a “União Europeia”, com 30 anos de idade em Portugal.
Volto
à outra data: 8-9 de Maio/2010. Passaram-se 6 anos. Até hoje! O enunciado é tão simples quanto estarrecedor:
A Imagem da Virgem Peregrina, que visitou todas as paróquias da Madeira, chegou
à Ribeira Seca, parou no início do adro… mas os responsáveis da Diocese não a
deixaram entrar, frustrando as naturais (e prometidas) expectativas da multidão
que durante várias horas aguardou pacientemente a simbólica visita. E mais não
conto.
EXCLUSÃO!...
Nem a Senhora escapou. Nem os seus filhos e admiradores. Que dirá Francisco
Papa?...
O
povo, na sua inspiração directa e sem rodeios, ao estilo do Papa, compôs várias
quadras que vêm inseridas no “Cancioneiro Breve”, cantado no CD “A Igreja é do
Povo e o Povo é de Deus”. Recorto apenas duas:
Usam a religião
Para nos fazer sofrer,
Mas será que o Papa sabe
O que está a acontecer?
Ninguém cala a nossa voz
Digo ao mundo e a vocês
Com imagem ou sem ela
Nós somos filhos de Deus
Europa
terrestre e Europa celeste! Igreja que exclui e Igreja que inclui: dois mundos,
cujas semelhanças e diferenças são uma evidência, à luz do pensamento do Bispo de Roma.
09.Mai.16
Martins Júnior
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