Hoje
Eu hei-de achar um escultor
Que me defina e trace
O Monumento ao Trabalhador
Mas quero-lhe a face
E o seio criador
De um corpo de Mulher
Mulher-Mãe de cada hora
A precursora
Dos mundos que houve e dos que houver
Antes que a obra nasça e o sol desponte
Ela constrói o nascituro
Operário do futuro
Dentro do ventre solitário e mudo
Ela é a ponte
Entre o nada e o tudo
Das insondáveis miríades de linhas
De um invisível projecto
Sai-lhe o arquitecto
Do coração fio-de-mel
Salta-lhe o malho brilha o cinzel
E de um amor carnal de fogo tanto
Surge um poeta ergue-se um santo
Oh genesíaca evidência:
Mulher-Mãe e Proto-Operário
Nas entranhas do oceano-ovário
Mora o segredo planetário
Do mundo em construção
Até chegar a madrugada
Vou caminhar
Mendigo errante pela estrada
Até achar o escultor
Seja quem for
De onde vier
E faça de um corpo de Mulher
O mais belo Monumento
Ao Dia Trabalhador
1.Mai.16
Martins Júnior
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