Não serás minha nem serei teu
Se te não der
O dobro de quanto me deste
O corpo que me veste
Foi a mátria quem mo deu
Mas a alma do meu país
Sou eu que a trago dentro e fora
Como um novo cantar de Orfeu
Nesga de terra geratriz
E por mim sempre gerada lavrada
No pó de cada estrada
Porque flor e fruto definem
O tronco a raiz
E o húmus onde quer que ele desponte
Não quero que me ponhas na fronte
O louro imortal de uma bandeira
Nem que me leves ao colo
Até à estrela cimeira
Antes quero trazê-la firme plantada
Nos pés doloridos
Nas mãos da tecedeira
Nos ossos ressequidos
E nas cinzas de onde renasces
Sempre que alguém o queira
Não fora Camões ou Vieira
E os viriatos serranos
E o pinhal de Leiria
E a ‘arraia miúda’ em Lisboa
A Pátria tudo seria
Mafoma Gália ou Castela
Mas Portugal já não era
Sem os marujos de Sagres
Sem Catarina a ceifeira
E sem os ‘rapazes dos tanques’
Nesse Abril auroreal
Milagre que um Povo fez
Não serias Portugal
Nem daqui chamar-me-ia
Livre Ilhéu e Português
9/10 de Junho/2017
Martins Júnior
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