Fio
de água – o Desejado
Chuva
gratuita - a Cobiçada
Mais
que todos os tronos e todas as mulheres
Mas
tu só chegas quando queres
Nem
o grito nu das albufeiras
Nem
os lábios gretados dos pomares
Te
comoveram
Nem
os troados esgares
Com
que os humanos ódios
Destroem
ares e mares
Te
abriram um só dos capilares
Oh
quantas lágrimas terias enxugado
Com
a líquida toalha da tua mão
E
quantos mortos ressuscitado
Com
o sudário do teu pranto
Mas
em vão
Porque
não desceste
Nem
ouviste sequer
As
asas sonantes impetrantes
Das
púrpuras cardeais
Mais
as preces dos ingénuos mortais
Chuva-macho
que fecunda
O
terro-fêmea que lhe mata a sede
E
abre-se em pão azeite e malmequeres
Vem
quando quiseres
Como
nesta vigília
Cantante
miudinha
Em
que te escrevo esta balada-mágoa
Molhada
no fio de água
Que
me deste
23.Nov.17
Martins Júnior
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