Impossível ficar indiferente a este
périplo do Secretário Geral da ONU entre Moscovo e Kiev, com a Turquia de
permeio – uma ‘Via Dolorosa’ em tempo oportuno, como que o recurso derradeiro
para a Paz, frustradas que foram as macias cruzadas de outros presidentes aos pés
do Grande Czar. No resultado final,
ficaram patentes a todo o mundo a vileza e a grosseria de um garoto da esquina
que, não obstante as promessas do ‘corredor humanitário’ para Mariupol, atira as
pedras-bombas junto da casa onde o próprio António Guterres se reunia com o
Presidente Zelensky.
O
Caso Ucrânia tem sido a nova pandemia que põe o planeta a andar ao contrário,
não só as vítimas do próprio território como também no estado psíquico de todos
nós que somos infectados pelas notícias trágicas que vêm do Leste, além da
barafunda política que agita partidos e câmaras no nosso país.
Partilho
convosco esta trajectória dialética da história, o contrassenso e a
irracionalidade do Homo Demens - o
Homem Demente – que, de passo a passo, constrói o alçapão e a forca do próprio
suicídio, após tantos esforços para habitar
o seu ‘Palácio da Ventura’ e fazer deste mundo uma estância de
felicidade.
Refiro-me
ao percurso do povo russo, desde o imperialismo dos czares ao imperialismo soviético, tendo encontrado em Mikel
Gorbachev o líder carismático que devolveu a liberdade aos países anexados pela
URSS. A queda do ‘Muro da Vergonha’ em Berlim abriu caminho seguro para os 15
países que estavam reféns do regime russo. O mundo respirou de alívio e
bem-estar social e político. “Guerra nunca mais” – gritava-se euforicamente,
como em 1945 na queda de Hitler.
Passada
‘meia-dúzia de luas’, eis que aparece o fantasma assimilado aos velhos ursos da
Sibéria e apregoa aos quatro ventos que a implosão da URSS “foi a maior
catástrofe do século XX”. Era o retorno aos imperialismos primitivos, o toque a
rebate para pegar em armas e voltar à barbárie. E é aí que estamos. Foram
braços humanos – os da mesma espécie – que restituíram aos viventes o direito
de serem livres e, mais tarde, açambarcaram esse privilégio e semearam a
cizânia da ditadura e da repressão.
Como
foi possível esta medonha metamorfose, nada e criada no mesmo território e pelo
mesmo povo?... Perguntem ao povo e ele responderá: “Não sabíamos para onde nos
levavam”.
É
a dura realidade – permanecer na ignorância, no obscurantismo dominante, onde
ficamos instalados, sem saber que nos sentamos em cima de um barril de pólvora,
pronto a explodir. Um povo esclarecido é mais poderoso que um povo armado.
Os
tanques de guerra de Putin são fabricados nas oficinas da informação publica
que deturpam os factos e as motivações para que o povo russo tape os ouvidos e
torne o coração sensível aos filhos que morrem em combate.
Se
até agora assim é, que esperamos nós – e que espera o mundo - de um outro
imperialismo, o de Elon Must, que comprou o Twiter por 41 mil milhões de
euros?!... Para onde vamos nós !!!
29,Abr.22
Martins Júnior
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