sexta-feira, 29 de abril de 2022

DE ESTALINE A GORBACHEV E DE GORBACHEV A PUTIN



         Impossível ficar indiferente a este périplo do Secretário Geral da ONU entre Moscovo e Kiev, com a Turquia de permeio – uma ‘Via Dolorosa’ em tempo oportuno, como que o recurso derradeiro para a Paz, frustradas que foram as macias cruzadas de outros presidentes aos pés do Grande Czar. No resultado final, ficaram patentes a todo o mundo a vileza e a grosseria de um garoto da esquina que, não obstante as promessas do ‘corredor humanitário’ para Mariupol, atira as pedras-bombas junto da casa onde o próprio António Guterres se reunia com o Presidente Zelensky.

O Caso Ucrânia tem sido a nova pandemia que põe o planeta a andar ao contrário, não só as vítimas do próprio território como também no estado psíquico de todos nós que somos infectados pelas notícias trágicas que vêm do Leste, além da barafunda política que agita partidos e câmaras no nosso país.

  Partilho convosco esta trajectória dialética da história, o contrassenso e a irracionalidade do Homo Demens - o Homem Demente – que, de passo a passo, constrói o alçapão e a forca do próprio suicídio, após tantos esforços para habitar  o seu ‘Palácio da Ventura’ e fazer deste mundo uma estância de felicidade.

Refiro-me ao percurso do povo russo, desde o imperialismo dos czares ao imperialismo soviético, tendo encontrado em Mikel Gorbachev o líder carismático que devolveu a liberdade aos países anexados pela URSS. A queda do ‘Muro da Vergonha’ em Berlim abriu caminho seguro para os 15 países que estavam reféns do regime russo. O mundo respirou de alívio e bem-estar social e político. “Guerra nunca mais” – gritava-se euforicamente, como em 1945 na queda de Hitler.

Passada ‘meia-dúzia de luas’, eis que aparece o fantasma assimilado aos velhos ursos da Sibéria e apregoa aos quatro ventos que a implosão da URSS “foi a maior catástrofe do século XX”. Era o retorno aos imperialismos primitivos, o toque a rebate para pegar em armas e voltar à barbárie. E é aí que estamos. Foram braços humanos – os da mesma espécie – que restituíram aos viventes o direito de serem livres e, mais tarde, açambarcaram esse privilégio e semearam a cizânia da ditadura e da repressão.

Como foi possível esta medonha metamorfose, nada e criada no mesmo território e pelo mesmo povo?... Perguntem ao povo e ele responderá: “Não sabíamos para onde nos levavam”.

É a dura realidade – permanecer na ignorância, no obscurantismo dominante, onde ficamos instalados, sem saber que nos sentamos em cima de um barril de pólvora, pronto a explodir. Um povo esclarecido é mais poderoso que um povo armado.

Os tanques de guerra de Putin são fabricados nas oficinas da informação publica que deturpam os factos e as motivações para que o povo russo tape os ouvidos e torne o coração sensível aos filhos que morrem em combate.

Se até agora assim é, que esperamos nós – e que espera o mundo - de um outro imperialismo, o de Elon Must, que comprou o Twiter por 41 mil milhões de euros?!... Para onde vamos nós !!!

 

29,Abr.22

Martins Júnior

 

        

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