terça-feira, 5 de abril de 2022

SEPARATISTAS RUSSOS E SEPARATISTAS ILHÉUS – AFINIDADES E COINCIDÊNCIAS

                                                                              


Breves palavras para desfazer equívocos. Mais do que equívocos: desenfreadas deformações oportunistas para torcer a verdade dos factos e fazer render dividendos aos vendedores de fogos-fátuos.

         Comecemos pela memorável data de “4 de Abril de 1931 – a Revolta da Madeira” – e que tem sido explorada até ao tutano pelos inflamados autonomistas  sediados nas poltronas do poder. Nos discursos martelados todos os anos junto a uma espécie de monumento à Revolução, lá vem ‘aquela frase batida’ proclamando loas e foguetes ao movimento militar chefiado pelo general Sousa Dias e pelo coronel Freiria, “paladinos da independência da Madeira contra Lisboa”. Nada mais falso. O movimento revolucionário de 1931 foi o grande precursor, não do “1de Julho”, mas do “25 de Abril”. Os revoltosos, líderes da intentona, eram militares de Portugal Continental deportados para a Madeira (uma espécie de colónia penal) por se terem manifestado contra o recém-empossado regime salazarista, revelador de fortes indícios da ditadura que veio a instaurar-se em Portugal. Outros dois acontecimentos – o monopólio das farinhas e a falência do ‘Henrique Figueira’, o único banco madeirense – arrastaram o povo para tumultos e legítimas reivindicações, que infelizmente fizeram abortar uma brilhante tentativa anti-ditatorial que durou 48 anos de repressão.

A Revolta da Madeira estava conectada com outras unidades militares dos Açores e Portugal Continental que tiveram o mesmo malogrado fim. Resumindo: o “4 de Abril de 1931” – sobre cujo pedestal ontem os encartados títeres ilhéus se empoleiraram para falsear as motivações e os factos – foi o antecipado grito de revolta contra a ditadura nascente.

Em direcção oposta, situam-se os separatistas russo-ucranianos e os ‘putinistas’ ilhéus, na Madeira e nos Açores. Enquanto os valorosos militares do “4 de Abril” tinham como ponto de mira o derrube da ditadura salazarista, os separatistas do leste europeu o que pretendem unicamente é  coligar-se ao novo czar de Moscovo e matar qualquer expressão de liberdade autonómica da Ucrânia.

Os nossos super-inFLAMAdos pseudo-autonomistas hibernaram durante quase meio século na barriga da ditadura, bem acasalados com as benesses do regime, e só acordaram estremunhados na tarde do “25 de Abril”, pegaram em armas, armadilharam casas e carros, provocaram mortes em jovens recrutas do seu paiol – tudo fizeram para destruir o Cravo da Liberdade e afogar a respiração de um povo que, com a ajuda pioneira dos militares, reconquistou o seu lugar ao sol.

Ainda está por fazer a tenebrosa história da FLAMA (Madeira) e da FLA (Açores). Consideradas as devidas proporções territoriais e políticas, os chamados ‘flamistas’ bem poderiam pintar na fronte o vergonhoso Z dos tanques e dos camuflados russos e marchar contra Mariupol ou Kiev. Foi isso que fizeram cá na ilha, sob o pavilhão protector de quem um dia será desmascarado. O Tribunal de Nuremberga poderá ainda chegar à Madeira.    

Aqui fica, pois, a clarificação necessária sobre acontecimentos susceptíveis de interpretações erróneas. Com este separar das águas, rendo a merecida Homenagem aos Homens do “4 de Abril de 1931”, aos de “1936” (a Revolução do Leite, contra o monopólio dos Lacticínios) e a todos quantos no seu local de trabalho, aprendizagem e acção têm contribuído para a vigência e consolidação da Revolução dos Cravos,

 

05.Abr.22

Martins Júnior

1 comentário:

  1. A História é uma ciência fatual e rigorosa. A chamada Revolta da Madeira e toda a sua trincheira de argumentação nos leva a conhecê-la melhor, mesmo quando existam outros pontos de vista. Daí que, ver o lado certo da História, exige sempre uma tarefa árdua e rigorosa em prol dos valores da liberdade e da identidade dos povos.

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