Breves
palavras para desfazer equívocos. Mais do que equívocos: desenfreadas
deformações oportunistas para torcer a verdade dos factos e fazer render
dividendos aos vendedores de fogos-fátuos.
Comecemos pela memorável data de “4 de
Abril de 1931 – a Revolta da Madeira” – e que tem sido explorada até ao tutano
pelos inflamados autonomistas sediados
nas poltronas do poder. Nos discursos martelados todos os anos junto a uma
espécie de monumento à Revolução, lá vem ‘aquela frase batida’ proclamando loas
e foguetes ao movimento militar chefiado pelo general Sousa Dias e pelo coronel
Freiria, “paladinos da independência da Madeira contra Lisboa”. Nada mais falso.
O movimento revolucionário de 1931 foi o grande precursor, não do “1de Julho”,
mas do “25 de Abril”. Os revoltosos, líderes da intentona, eram militares de
Portugal Continental deportados para a Madeira (uma espécie de colónia penal)
por se terem manifestado contra o recém-empossado regime salazarista, revelador
de fortes indícios da ditadura que veio a instaurar-se em Portugal. Outros dois
acontecimentos – o monopólio das farinhas e a falência do ‘Henrique Figueira’,
o único banco madeirense – arrastaram o povo para tumultos e legítimas
reivindicações, que infelizmente fizeram abortar uma brilhante tentativa
anti-ditatorial que durou 48 anos de repressão.
A
Revolta da Madeira estava conectada com outras unidades militares dos Açores e
Portugal Continental que tiveram o mesmo malogrado fim. Resumindo: o “4 de
Abril de 1931” – sobre cujo pedestal ontem os encartados títeres ilhéus se
empoleiraram para falsear as motivações e os factos – foi o antecipado grito de
revolta contra a ditadura nascente.
Em
direcção oposta, situam-se os separatistas russo-ucranianos e os ‘putinistas’
ilhéus, na Madeira e nos Açores. Enquanto os valorosos militares do “4 de Abril”
tinham como ponto de mira o derrube da ditadura salazarista, os separatistas do
leste europeu o que pretendem unicamente é coligar-se ao novo czar de Moscovo e matar qualquer expressão de liberdade autonómica
da Ucrânia.
Os
nossos super-inFLAMAdos pseudo-autonomistas hibernaram durante quase meio
século na barriga da ditadura, bem acasalados com as benesses do regime, e só
acordaram estremunhados na tarde do “25 de Abril”, pegaram em armas,
armadilharam casas e carros, provocaram mortes em jovens recrutas do seu paiol –
tudo fizeram para destruir o Cravo da Liberdade e afogar a respiração de um
povo que, com a ajuda pioneira dos militares, reconquistou o seu lugar ao sol.
Ainda
está por fazer a tenebrosa história da FLAMA (Madeira) e da FLA (Açores). Consideradas
as devidas proporções territoriais e políticas, os chamados ‘flamistas’ bem
poderiam pintar na fronte o vergonhoso Z
dos tanques e dos camuflados russos e marchar contra Mariupol ou Kiev. Foi
isso que fizeram cá na ilha, sob o pavilhão protector de quem um dia será
desmascarado. O Tribunal de Nuremberga poderá ainda chegar à Madeira.
Aqui
fica, pois, a clarificação necessária sobre acontecimentos susceptíveis de
interpretações erróneas. Com este separar das águas, rendo a merecida Homenagem
aos Homens do “4 de Abril de 1931”, aos de “1936” (a Revolução do Leite, contra
o monopólio dos Lacticínios) e a todos quantos no seu local de trabalho,
aprendizagem e acção têm contribuído para a vigência e consolidação da
Revolução dos Cravos,
05.Abr.22
Martins Júnior
A História é uma ciência fatual e rigorosa. A chamada Revolta da Madeira e toda a sua trincheira de argumentação nos leva a conhecê-la melhor, mesmo quando existam outros pontos de vista. Daí que, ver o lado certo da História, exige sempre uma tarefa árdua e rigorosa em prol dos valores da liberdade e da identidade dos povos.
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