- Com que então
andaste na praça a dizer que ias incendiar o mundo, confirmas?
- Sim, confirmo e mantenho. É esse o
meu maior desejo.
-
Também confirmas o que de ti diz toda a
gente: que vais fazer guerra, que andas a semear o divisionismo entre o povo.
-
Confirmo. E mais te digo: vim fazer guerra aos regimes e não só. Também dentro
de cada família: pais contra filhos, filhos contra pais, noras e sogras em
guerra acesa.
Acusação
lavrada em processo sumário e confessada pelo próprio réu: Incendiário
compulsivo e revolucionário desestabilizador da paz nacional.
Conclusão: Entregue ao Ministério Público, sentenciado pelo juiz: pena capital!
O réu chama-se Jesus de Nazaré!
O “Doce Nazareno” acusado de destruidor
pirómano, de conspirador nato, incorrigível!
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Eis
aí a tradução para o século XXI daquilo que vem escrito em Lucas, capítulo 12. A
sentença vem em todos os evangelistas sinópticos.
Essa foi toda a vida do Nazareno. Contra
o ‘império da indiferença’, contra o gelo glaciar da insensibilidade humana, a começar pelos poderes instituídos. Contra as assimetrias sociais, contra os monstros das
ditaduras – políticas ou eclesiásticas.
O sangue derramado pelo Grande Mártir
escorreu (e ainda corre) nas veias de
tantos homens e mulheres que não se conformaram com as margens abissais que
separam as sociedades. Homens e mulheres que não desistiram de acordar as
multidões, desestabilizar os magnatas instalados nos imerecidos cadeirais da
opulência política e/ou financeira. Homens e mulheres que recusam o imobilismo
dos que se auto-proclamam representantes
do “Incendiário“ das mentalidades e não se revêm na exposição mórbida (quase
pornográfica) de um Jesus despido e derrotado para sempre.
Embora em contraciclo da hora que passa
– florestas em chamas e guerras fronteiriças – o programa do Mestre e sua
paixão suprema estão na luz candente que queima as trevas e na vanguarda dos
fracos e humilhados que lutam para que definitivamente a Terra seja plana.
Predisse Pascal que ‘Jesus estará em
agonia até ao fim dos tempos’.
Poderia também afirmar que Jesus estará
no banco dos réus até ao fim dos tempos. Pelo duplo crime: Incendiário e
Revolucionário!
Ele o confirmou neste Domingo, no
LIVRO: Lucas, capítulo 12.
13.Ago.22
Martins
Júnior
Um dos melhores alunos do Seminário....As melhores notas, excelente violinista, prosador de eleição....no Porto Santo resgatou o grupo folclórico....não sei o porquê da birra entre o padre e a Igreja...Isso é matéria para uma grande história! Para os oficialistas um desperdício, para os oprimidos um ícone...De qualquer maneira O Martins não passará em branco pela história
ResponderEliminarDe Eleutério Gouveia Sousa
Sobre o Padre Martins da Ribeira Seca - Madeira.