terça-feira, 15 de novembro de 2022

O ‘TIRO’ AMERICANO: JOVENS E MULHERES ERGUERAM AOS OMBROS O VETERANO SEPTUAGENÁRIO !

                                                                            

        Antes que o frenesi alucinante dos últimos acontecimentos tome conta dos meus dias, apresso-me a fixar no ecran inapagável  da memória futura o portentoso e paradoxal fenómeno sócio-político dos Estados Unidos da América nas Eleições Intercalares. Porque o caso ultrapassa as raias das vulgares diatribes partidárias, antes sobreeleva-se a um sério  study case da psicossociologia aplicada, entendi colocá-lo em lugar cimeiro dos “Dias Ímpares”.

            Contrariando as normais projecções estatísticas, revelou-se o insólito recordista nestas maratonas e que cifrou-se em altos caracteres de todos os tabloides: Foram os votos dos jovens e das mulheres que proporcionaram a Joe Biden o inesperado sucesso eleitoral.

            Quem diria que, entre o possante ganadero republicano do Texas e o frágil veterano  democrata, os jovens e as mulheres optariam pela velhice dotada de sabedoria de um e rejeitariam a pesporrência dominadora  do outro candidato?!...

            Não cabe aqui sinalizar os argumentos, o batente das campanhas e o ritmo das intervenções. São questões suficientemente já dissecadas e publicitadas pelos analistas de topo. O que interessa agora registar, antes que o mundo esqueça, é a acutilância do olhar e a serenidade analítica de um eleitorado tido como predominantemente emotivo, presa fácil de manipuladores populistas.  Desta vez, a estes  ‘saiu-lhes o tiro pela culatra’.

            Por onde se prova que a tão caluniada “geração rasca” americana (neste caso, mundial) está atenta à conjuntura sócio-política do seu tempo e deseja intervir na construção do mundo em que amanhã pretendem viver. Veja-se, em todos os países, em Portugal também , a resistência esclarecida dos jovens estudantes contra as alterações climáticas. O caso tem tomado contornos preocupantes mas, descontadas certas irreverências estratégicas, servirão para sensibilizar forçosamente as entidades responsáveis – legisladores, executivos e até decisores judiciais – a entender que o planeta já não é senhorio exclusivamente seu, mas é pertença hereditária dos jovens de hoje, habitantes do amanhã.

            E às mulheres americanas , pela conquista da sua autonomia e da sua dignidade, um caloroso Voto de Louvor, particularmente neste 15 de Novembro, Dia Mundial contra a Violência sobre as Mulheres.

            Ao olhar para Joe Biden, septuagenário confesso, mas politicamente rejuvenescido na sua liderança, só me ocorre a consabida sentença do madeirense teósofo e poeta Octávio de Marialva:

            “Serás jovem quanto a tua ideia”!

 

            15.Nov.22

            Martins Júnior     


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