quarta-feira, 14 de junho de 2023

PENDÕES, PENDURAS E PENDURADOS

 


Sem outros preâmbulos, que não os factos e as palavras adjacentes, entro de imediato no caso que justifica o bolgue deste dia 13-14 de Junho e com a mesma pressa saio dele, sem prejuízo da homenagem ao intelectual e defensor da justiça distributiva, o Grande Santo António, tão badalado quão desconhecido do protegido povo seu, os lisboetas e não só.

O caso ultrapassa os míticos pendões do Dia de Portugal, mas é neles que se inspira. Melhor dizendo, foram eles que abriram as mentes claras deste país e nos seus ínclitos portadores – os portadores das mentes – inspiraram linguados de oratória analítica que, na minha mente, expressam a radiografia modal do indivíduo, que não a da sociedade. Felizmente!

         Se de um empíreo infraterrestre vieram os pendões, ainda de mais longe e mais fundo saltaram as opiniões, algumas delas cheirando ao enxofre neuro-político dos seus produtores. Para enviesar os olhos e evitar a pocilga fétida empoleirada em feministas hastes, ora chega chega aí e fala fala de racismo ‘inexistente’. Vai lá o outro e porque tem a vista vendada com lentes de rocha escorrendo lava sem freio e brada que o homem anda em fuga… quando toda a gente viu o homem caminhando a pé no meio da multidão, dialogando com quem quis confrontá-lo ou aplaudi-lo,

         Dos comentaristas avençados pelo respectivo patronato editorial, há de tudo, desde o mastigado e monótono e invertebrado tom de que “aquilo não foi grande coisa, nada de ofensivo”, o caso embrulha-se no rolo de outros similares, até ao talentoso e esbugalhado pioneiro que descobre este toque viril de Inteligência Artificial: “Eu sou um privilegiado porque sou branco”! Afinal, perguntam os espectadores,  onde está o racismo?

         O mais comovedor e mefistofélico veio do vértice, da estrela de Belém, com aquele anúncio angélico, fruto de uma parto virgem, sem mácula visível de incivismo grosseiro e de desrespeito institucional: “Aquilo não passou de uma minoria das minorias”, nada de grave. “Se fosse comigo, não me sentiria nada ofendido”. Assim se educa o povo português no seu Dia Maior!

         De que serve o Povo repetir a sabedoria secular “Quem não se sente não é filho de boa gente” – se os “pais da grei” perderam toda a sensibilidade do berço?!


         13-14,Jun.23

         Martins Júnior


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