Sem
outros preâmbulos, que não os factos e as palavras adjacentes, entro de
imediato no caso que justifica o bolgue deste dia 13-14 de Junho e com a mesma
pressa saio dele, sem prejuízo da homenagem ao intelectual e defensor da
justiça distributiva, o Grande Santo António, tão badalado quão desconhecido do
protegido povo seu, os lisboetas e não só.
O
caso ultrapassa os míticos pendões do Dia de Portugal, mas é neles que se
inspira. Melhor dizendo, foram eles que abriram as mentes claras deste país e
nos seus ínclitos portadores – os portadores das mentes – inspiraram linguados
de oratória analítica que, na minha mente, expressam a radiografia modal do
indivíduo, que não a da sociedade. Felizmente!
Se de um empíreo infraterrestre vieram
os pendões, ainda de mais longe e mais fundo saltaram as opiniões, algumas
delas cheirando ao enxofre neuro-político dos seus produtores. Para enviesar os
olhos e evitar a pocilga fétida empoleirada em feministas hastes, ora chega
chega aí e fala fala de racismo ‘inexistente’. Vai lá o outro e porque tem a
vista vendada com lentes de rocha escorrendo lava sem freio e brada que o homem
anda em fuga… quando toda a gente viu o homem caminhando a pé no meio da multidão,
dialogando com quem quis confrontá-lo ou aplaudi-lo,
Dos comentaristas avençados pelo
respectivo patronato editorial, há de tudo, desde o mastigado e monótono e
invertebrado tom de que “aquilo não foi grande coisa, nada de ofensivo”, o caso
embrulha-se no rolo de outros similares, até ao talentoso e esbugalhado
pioneiro que descobre este toque viril de Inteligência Artificial: “Eu sou um
privilegiado porque sou branco”! Afinal, perguntam os espectadores, onde está o racismo?
O mais comovedor e mefistofélico veio
do vértice, da estrela de Belém, com aquele anúncio angélico, fruto de uma parto
virgem, sem mácula visível de incivismo grosseiro e de desrespeito
institucional: “Aquilo não passou de uma minoria das minorias”, nada de grave. “Se
fosse comigo, não me sentiria nada ofendido”. Assim se educa o povo português
no seu Dia Maior!
De
que serve o Povo repetir a sabedoria secular “Quem não se sente não é filho de
boa gente” – se os “pais da grei” perderam toda a sensibilidade do berço?!
13-14,Jun.23
Martins Júnior
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