Dia de Portugal, vestido
dos jardins suspensos do Douro e do vermelho das uvas maduras nas mãos de cristal
de quem as colhe!
Super-excelente
paisagem de Torga, Aquilino, Caeiro emoldurando
nove séculos de história continental, insular, ultramarina, planetária!
Mas
de tão opulento império narrativo o que parece ter ficado não passou de uma
amostra de feira tão desigual quanto grotesca,
em que refugaram no mesmo prato alarmes bélicos, provincianismos, maquiavélicos
pendões medievais, delírios populistas, cenas de teatro de cordel, que não
envergonham em nada os saltimbancos e palhaços autofotografados em desbragadas euforias
feirantes.
.Três
fugazes instantâneos que preferia vê-los substituídos em Dia Maior de Portugal:
Um
Povo de nobres tradições, oceanos e planícies, epopeias, rimances de amor e
glória escusava primar no seu Dia Maior em armamento, camuflados e gritos ululantes, rivalizando/imitando o aparatoso fragor russo-chinês. Em
tempo de mísseis, mig’s, minas, mortíferos drones iranianos caídos sobre as
indefesas vítimas ucranianas, não parece curial um país exíguo ufanar-se da
mesma couraça bélica perante um mundo carecido de paz e saúde física e mental.
Roça
as margens de um desfile de gigantones, ricos em ridículo mas vazios de
conteúdo, promover ostensivamente cenários
de endeusamento-selfy, para esconder as charadas de um discurso de ramos secos,
sem direcção, à espera de um podador, sempre ameaçando mas sempre faltando à prometida
poda ‘dissolvente´.
Enquanto
isso, um outro desfile (pareceu propositado o contraste) de uma décima de
porta-estandartes, tipo Ku-Klux-Klan, esgaravatados - os estandartes – de um
viveiro de suínos, orgulhosamente transportados por mestres educadores de crianças
e jovens. O melhor que Portugal tem para apresentar no seu Dia Maior! Da claque
que ali estava nos bastidores - eram duas centenas os que se dizem agora alheios
e discordantes da dezena bandeirante – nem um apareceu para evitar tamanha
degradação pedagógica espelhada naquela feira magra e triste. Depois,
queixem-se dos alunos que mais tarde lhes fizerem o mesmo…
Foi
em Peso da Régua.
Foram
lá buscar – todos os protagonistas de topo – o que merecem da parte do soberano
Povo Português: uma régua de peso para, do maior ao mais pequeno, nunca mais
apoucarem, não mais denegrirem o Dia Maior de Portugal!
.
11-12.Jun.23
Martins
Júnior
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