segunda-feira, 12 de junho de 2023

PESO DA RÉGUA - E RÉGUA DE PESO – EM CIMA DA FEIRA

                                                                   


       Dia de Portugal, vestido dos jardins suspensos do Douro e do vermelho das uvas maduras nas mãos de cristal de quem as colhe!

Super-excelente paisagem  de Torga, Aquilino, Caeiro emoldurando nove séculos de história continental, insular, ultramarina, planetária!

Mas de tão opulento império narrativo o que parece ter ficado não passou de uma amostra  de feira tão desigual quanto grotesca, em que refugaram no mesmo prato alarmes bélicos, provincianismos, maquiavélicos pendões medievais, delírios populistas, cenas de teatro de cordel, que não envergonham em nada os saltimbancos e palhaços  autofotografados em desbragadas euforias feirantes.

.Três fugazes instantâneos que preferia vê-los substituídos em Dia Maior de Portugal:

Um Povo de nobres tradições, oceanos e planícies, epopeias, rimances de amor e glória escusava primar no seu Dia Maior em armamento, camuflados e gritos ululantes, rivalizando/imitando o aparatoso fragor russo-chinês. Em tempo de mísseis, mig’s, minas, mortíferos drones iranianos caídos sobre as indefesas vítimas ucranianas, não parece curial um país exíguo ufanar-se da mesma couraça bélica perante um mundo carecido de paz e saúde física e mental.

Roça as margens de um desfile de gigantones, ricos em ridículo mas vazios de conteúdo, promover ostensivamente  cenários de endeusamento-selfy, para esconder as charadas de um discurso de ramos secos, sem direcção, à espera de um podador, sempre ameaçando mas sempre faltando à prometida poda ‘dissolvente´.

Enquanto isso, um outro desfile (pareceu propositado o contraste) de uma décima de porta-estandartes, tipo Ku-Klux-Klan, esgaravatados - os estandartes – de um viveiro de suínos, orgulhosamente transportados por mestres educadores de crianças e jovens. O melhor que Portugal tem para apresentar no seu Dia Maior! Da claque que ali estava nos bastidores - eram duas centenas os que se dizem agora alheios e discordantes da dezena bandeirante – nem um apareceu para evitar tamanha degradação pedagógica espelhada naquela feira magra e triste. Depois, queixem-se dos alunos que mais tarde lhes fizerem o mesmo…

Foi em Peso da Régua.

Foram lá buscar – todos os protagonistas de topo – o que merecem da parte do soberano Povo Português: uma régua de peso para, do maior ao mais pequeno, nunca mais apoucarem, não mais denegrirem o Dia Maior de Portugal!

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11-12.Jun.23

Martins Júnior

 

 

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