Olh’ó pobre São João
Os altares e capelas
Que no teu dia fizeram
Os mancebos e
donzelas
Vieram eles e elas
Com panelas
alguidares
E a bacia de água lampa
Sentaram nos teus
altares
Primeiro deitaram as
sortes
No espelho da água pia
A umas saíu o noivo
E alguma ficou pra
tia
A teus pés já não
terás
Cordeiro nem
ovelhinha
Há tachos de bacalhau
Gaiado atum e sardinha
Na ponta do teu
cajado
Amarraram um balão
E tudo canta aos balouços
São João ao garrafão
Nenhum fica para
trás
Seja velho seja moço
Mas ninguém pensa na
espada
Que te rolou o
pescoço
Outras espadas
saltaram
Prao bucho de sábios
e tolos
Fresquinhas e saborosas
Vieram de Câmara de
Lobos
Aqui não vês Salomé
Azougada bailarina
Que pela mão do
Herodes
Se tornou tua
assassina
Mas hoje há regabofe
Em honra de São João
Salomés descascadinhas
E doces como um
torrão
Não te espantes São
João
Este povinho tem
fome
Comer beber divertir
De ti só sabem o
nome
Nas festas o que é preciso
É espeto e vinho a
pataco
Seja por Zeus ou por
Demo
Seja por Santo ou
por Baco
Ó meu pobre São João
Que farto fim de
semana
Tu não ficaste mais
rico
O povo é que ainda
se abana
Perdoa-me, São Precursor,
Larachas vãs como estas
Cuidado, que ainda te
chamam
O velho João das
Festas
23-24-25.Jun.23
Martins Júnior
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