OS DONOS-DA-RELIGIÃO
O PODER QUE JCRISTO MAIS AFRONTOU
Neste nosso encontro dos dias ímpares, deixei-vos a pergunta: "Qual dos três poderes ou donos (das armas, do dinheiro, da religião) qual deles terá o nosso líder JCristo enfrentado mais acerrimamente?
Seria sumamente proveitoso que cada um de nós emitisse o seu parecer, sabendo-se que não é de somenos importância a razão de ser desta análise. Porque ninguém duvidará, acho eu, que o nosso Cristo não veio fazer umas férias extra-programa nem passear-se em arraialescos andores ou em custódias de ouro e prata. Não foi esse o seu estilo, por mais que os usurpadores da sua herança teimem em fazê-lo. Nem veio descansar, pois não tinha "uma pedra onde reclinar a cabeça". Toda a sua vida foi marcada por um programa bem claro: a luta firme para que a espécie humana alcançasse o topo da sua condição, inclusive a sublimação supranatural. Daí tornar-se imperativo, sem nunca perder de vista, identificar e neutralizar, derrubar mesmo, através de uma acção eminentemente pedagógica, os baluartes, os paiós e os bunkers onde se reúnem os legisladores executivos que cortam o acesso da Pessoa ao topo da sua plena realização: os donos-de-tudo (o capital), os donos-das-armas, os donos-da-religião.
Passando rapidamente à resposta, não sobrarão dúvidas que o grande poder que o nosso JCristo mais desafiou foi este último: os donos do Templo de Jerusalém, o trono do poder religioso. E a estratégia não falha: podem mirrar um corpo à fome, podem estrangular uma geração pelas armas, mas não há arma que mate a ideia, o sonho, o pensamento, como bem nos ensinou a cantar Manuel Freire:"Não há machado que corte a raiz ao pensamento". E o pensamento, a ideologia fundamentante de toda a exploração humana da época (de sempre!) tinha o seu bunker no poder religioso sediado no Templo.
Quem atentamente compulsar os quatro evangelhos, verificará que o afrontamento de JCristo raríssimamente tem por alvo o poder político de então, consignado aos governadores romanos da Judeia, colónia do Império. Mas aos titulares do poder religioso, suporte da alienação e da escravização do povo (e, por consequência, suporte do poder político) o nosso Cristo era implacável, provocador radical. Diante de Pilatos, até admitiu que o "seu poder lhe vinha do Alto", mas aos Sumos-Sacerdotes, os Pontífices Máximos, não lhes dava um palmo de vantagem, umas vezes por parábolas, como as destes três últimos domingos, outras directamente, catalogando-os de "raça de víboras, sepulcros caiados de branco mas podres por dentro, salteadores assaltantes do Templo, devoradores dos bens dos órfãos e das viúvas".
Mudam-se os tempos, (atrevo-me a contrariar Luís Vaz de Camões) mas não se mudam as vontades. Ao longo dos séculos, o poder religioso tem dominado o povo ignaro. Descobri-o há muito tempo e repito: O Vaticano tem-se comportado como a Grande Muralha que não nos deixa ver o rosto do Cristo verdadeiro. Até 2013, enfim, quando apareceu essa nesga de luz, Francisco Papa, que tem aberto os olhos aos cegos, que tem desatado a língua aos mudos forçados, que tem feito andar os paralíticos do Pensamento. Só o povo cristão --- não os ridiculamente auto-proclamados "Príncipes da Igreja" --- poderá ajudá-lo na sua luta, tal como foi o povo marginalizado, "ofendido e humilhado" de outrora, que segurou o seu líder, JCristo.
Dízimo do pecado! O dinheiro peca e faz pecar. Que dualidade que se acentua nos novos tempos. Muitos parabéns pelo excelente blog.
ResponderEliminar