No princípio era a lava
Sem rumo
sem freio
Delírio
marinho rasgava
O aquático
seio
Da
mátria-mária da criação primeira
Depois fez-se dinossauro vigilante
Guardador da fronteira
Da ilha
E o Povo seu
Maior feito fez que Prometeu
Roubou o lume novo
Não do Olimpo de Zeus
Mas das oceânicas magmas sem fundo
Voltou
Trazendo no porão
Tesouros e milagres
Mais que as caravelas
Do Infante de Sagres
Foram de fogo virgem suas velas
De barbatanas vermelhas
O leme das naus
E de cantantes crepitantes
as centelhas
Com que o vento sul varou as quilhas
Até alcançar o dorso
Do dinossauro guardião das ilhas
Mãos rudes outrora já finadas
Sabendo a óleo bruto, fumo, lama e chama
Hoje mãos jovens e robustas
Ide correndo
“Per
angustas ad augustas”
Compondo sonata outra de Stravinsky
Que não do “Pássaro”
E sim da nova, nocturna e alada
Armada de Fogo
Jamais
se quebrarão
Os mastros altos que a lua cheia
Viu e tocou nesta noite de Agosto
Mais doze luas virão
E outras tantas marés:
Das cinzas caídas aos pés
Machico aceso, voltarás
Como a Fénix renascida
Da Filha de Tristão Vaz
29.Ago.2015
Martins Júnior
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Nesta noite, para nós, os veteranos, sempre memorável, não
resisto ao apelo de outros tempos que sinto ecoar dentro de mim. São os versos
que os poetas da Ribeira Seca fizeram, já lá vão quase 50 anos, os quais tive o supremo gosto de musicar e o
Grupo Folclórico de Machico quis incluir no seu reportório.
“Os fachos da nossa aldeia
Já vem dos nossos avós
Eles subiram aos montes
Agora subimos nós
*
Os fachos na serra
Altos a brilhar
São a voz da terra
Que fala a cantar
Cantigas de amor
Pão e vinho novo
Bendito o Senhor
Pela voz do Povo”
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