Ui!...
O turbilhão de boas-novas que neste dia
alagam de optimismo o portal das nossas casas e pedem para entrar nos nossos
blog´s, os meus e os de todos os outros companheiros desta viagem
comunicacional. De entre o fenómeno Guterres (que deixarei para outra altura
até aos sucessos do Portugal desportivo, escolho hoje para estrela da manhã o
Nobel da Paz atribuído ao Povo Colombiano
na pessoa do seu presidente, Juan Manuel Santos.
Já,
na hora própria, me congratulara efusivamente neste mesmo lugar, aguardando que
o acordo assinado pelo presidente e pelo comandante “Timochenko” visse a sua plena consagração no referendo
popular, o que não aconteceu, embora por escassa minoria de votos
Desoladamente, quem veio a ganhar foi o “Não”, em virtude da grande abstenção
dos colombianas que, certamente, tinham como seguro o acordo firmada pelos dois
líderes beligerantes.
Mas
até nesta, de todo, inesperada decepção,
se avoluma o esforço heróico dos dois homens que desenterraram a Paz dos
escombros sangrentos de 52 anos de luta armada. Feito memorável, agora
reconhecido pela Academia. De fora, ficaram os sedentos de sangue humano, os
carrascos da vingança, escravos ainda da Lei de Talião – “dente por dente, olho
por olho”.
A
brisa suave e pacífica que começa a soprar em países da América Latina, também
fará a sua marcha triunfal em toda a Colômbia. Pouco a pouco – porque nada há
mais difícil de ganhar que o conflito de mentalidades e gerações. Mas
infalivelmente alcançará o tão almejado Monte Tabor!
No
entanto, ninguém esquece que um acordo não é um monólogo de um actor, só, em palco. Falta o outro polo para que se faça
luz. Neste entendimento que, de resto, nem carece de demonstração, ouso aqui
observar que o magno areópago norueguês ressentir-se-á, sem dizê-lo, da
ausência de alguém que, por mérito próprio, deverá lá estar: o líder das FARC,
comandante “Timochenko”, construtor ex
aequo, com Juan Manuel Santos, do grande Monumento da Paz Colombiana.
Tenho a certeza de que a eventual
não-convocatória daquele para a solene entregue do Nobel, por protocolares
motivações da diplomacia internacional e para não ferir susceptibilidades
atávicas, será prontamente aceite pelo
próprio, tendo em vista um Bem Maior, a
PAZ – gesto que mais e mais engrandece a estatura política e civilizacional do
“comandante”.
Devo,
ainda assim, recordar um caso precedente, ocorrido naquele mesmo salão, quando idêntico galardão fora entregue
conjuntamente ao Bispo Ximenes Belo e ao comandante da guerrilha operacional,
Xanana Gusmão, nas montanhas de Timor
Lorosae. Porque a Paz só é possível pelo encontro e pelo abraço mútuo entre as
duas partes litigantes.
O
mais importante e o que ficará eternamente para Memória Futura é que a Paz
triunfou sobre a guerra. E, tal como em Portugal – assim o esperamos – da ponta
das espingardas não sairão mais balas fratricidas, mas cravos vermelhos de
um imenso “Abril” Colombiano.
07.Out.16
Martins
Júnior
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