“Pelo
sonho é que vamos”, E pelo cantar nos
levantamos.
É
por isso que nesta semana, a canção é a nossa estrada. Foi por ela que os
nossos avós caminharam e com ela ergueram bandeiras que hoje são realidades
concretas ao serviço da comunidade. Na programação da nossa Festa, 9 e 10 de
Setembro, respigámos sons antigos que não só suavizaram as carências de outrora,
mas ousaram afrontá-las e esconjurá-las, chamando à razão os responsáveis pela res publica. E quem
tem acompanhado o Senso&Consenso destes
dias já se deu de contas do empenho pró-activo com que há mais de quatro
décadas os habitantes deste parco agregado populacional viveu, sofreu e lutou
pela solução das assimetrias de que eram vítimas as gerações atiradas para a
periferia e para a ruralidade. A sua praça era o palco e a sua arma era a canção
Hoje,
acabámos o ensaio de uma das peças mais marcantes dessa época, altura em que
Machico não tinha “Centro de Saúde em condições”. Os serviços de assistência
médica e medicamentosa eram prestados no antigo “Sítio da Queimada”, Água de
Pena, no extremo limite do concelho, num prédio pertencente ao Bairro dos
Pescadores, entretanto deficientemente adaptado para o efeito. Além da
marginalização a que eram votados os camponeses, estes eram obrigados a
deslocar-se “lá longe” ao dito sítio.
Dessa
triste realidade nasceu a canção que os filhos e os netos prepararam para a
Festa, em memória e gratidão pelo esforço militante que pais e avós
manifestaram, contestando a situação e, em certa escala, apressando os
governantes a construir o Centro de Saúde que hoje Machico possui.
Se
é verdade o ditado antigo ridendo castigo
mores, não é menos verdade que cantando construímos um mundo melhor. Eis,
pois, a transcrição da saudável mensagem de uma luta que viu o sucesso almejar
É a vida que recomeça de novo
Quem canta põe a vida mais alegre e mais bonita
Quem canta dá saúde a todo o Povo
Coitada esta gente camponesa
Que até na doença é desprezada
Os novos e velhinhos se adoecem cá no campo
Só tem longe o ‘Centro da Queimada’
O que mais pena dá são as crianças
Que esperam tantas horas p'rá vacina
Um abuso tão grande contra quem é pequenino
O Povo não aprova nem assina
Por isso a gente exige e com razão
Aquilo que se disse tantas vezes
Um Centro de Saúde em condições para Machico
E postos naturais p’raos camponeses
Quem canta põe a vida mais alegre e mais bonita
Quem canta dá saúde a todo o Povo
Coitada esta gente camponesa
Que até na doença é desprezada
Os novos e velhinhos se adoecem cá no campo
Só tem longe o ‘Centro da Queimada’
O que mais pena dá são as crianças
Que esperam tantas horas p'rá vacina
Um abuso tão grande contra quem é pequenino
O Povo não aprova nem assina
Por isso a gente exige e com razão
Aquilo que se disse tantas vezes
Um Centro de Saúde em condições para Machico
E postos naturais p’raos camponeses
Esta nossa paróquia mesmo pobre
Emprestou o salão para enfermagem
Lutámos pelo Centro de Saúde e
hoje o temos
Machico parabéns nesta homenagem
REFRÃO
Vem
tronco em flor
Povo
que te levantas
Conta
a tua dor
Nos
versos que hoje cantas
O
Povo em Festa
Canta
mas não se ilude
Quer
ter e com razão
O Centro de Saúde”
O7.Set.17
Martins
Júnior
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