No
seu histórico testemunho – “Homem Algum é Uma Ilha” – Thomas Merton conecta-nos
com o mundo inteiro, Em cada existência particular perpassa toda a amplitude do
tempo e do espaço. Nada nos é
indiferente. No mesmo tom poderíamos dizer que nenhuma ilha é um ilhéu. A nossa
também. O que se passa lá longe, nos antípodas do mundo, toca-nos também. E os
longínquos tsunamis o mar
encarrega-se de trazê-los à nossa costa. Mal iremos se não dermos por eles.
Porque cedo ou tarde sentir-lhes-emos os efeitos.
É
por essa razão que partilho convosco a notícia do maior furacão que, por estes
dias, abalou a América e o mundo. Não foi o,”Irma”
nem o “Maria” nem outro similar. Foi
o torpedo que desabou na Casa Universal da Paz, sede das Nações Unidas.
Chamo-lhe torpedo, expressamente, pelo que tem de torpe e de destruidor. Torpe,
porque na magna assembleia do mundo aquele esgar monstruoso – a que chamam
discurso – nunca teria lugar. Razão tem o jornal Le Monde ao afirmar, no seu editorial de
hoje, que “Trump rebaixou a ONU”. Destruidor, porque atenta contra todos “os
esforços diplomáticos multilaterais dos últimos anos”, como o Acordo de Paris
sobre as alterações climáticas e o Acordo sobre o nuclear iraniano. Nem mesmo a
presença e a mensagem aglutinadora do Secretário Geral António Guterres serviram
para refrear os instintos primários mais grosseiros de quem se esquece da
matriz democrática originária do país que dirige. Um povo herdeiro de
Jefferson, de Lincoln e de Luther King ter-se-á sentido humilhado e ferido na
sua honra patriótica. Ameaças, destruição e guerra, não há outro vocabulário
naquele tosco exemplar de vilão armado, em nada diferente do anafado pigmeu Rocket Man de Pyongyang.
Nenhuma
ilha é um ilhéu. Mas de um ilhéu pode fazer-se um monstro, um Trump, um Kim
Jong-Un. A Madeira não está imune. E é esta quadra eleitoral o húmus propício à
incubação e explosão dos tais instintos grosseiros atávicos em regimes de
tradição totalitária. Eu sou daquele tempo – e esse tempo fica ao alcance dos
dedos de uma só mão – em que as campanhas eram capitaneadas pelo ódio tribal,
pelo furor, pela paranóia do poder, enfim, pelos típicos tiques trumpistas e
norte-coreanos, ao ponto de “atiçar” povo contra povo. “Quando aparecer alguém
de outro partido, não chamem a polícia, não chamem o presidente da câmara: resolvam
o caso pelas vossas próprias mãos”. Não foi na Coreia. Foi na Madeira.
No começo de uma maratona que tem a meta no 1º
de Outubro, faz bem trazer ao palco as reminiscências de um passado recente
para erradicar liminarmente da boca dos ‘oradores’ as baforadas mal cheirosas, (para não dizer
caninas) de que mais tarde virão a arrepender-se. Não queiram ‘as senhoras oradoras’
– sobretudo, elas - imitar as grotescas
figuras daqueles que bajularam outrora. Porque tudo se paga.
Numa
campanha acesa mas brilhante, arguta mas sensata, combativa mas alegre – até os
que perdem ficam a ganhar. Porque no recolher dos despojos só haverá um
vencedor: o Povo! Esclarecido e civilizado.
Essa,
a maior vitória do 1º de Outubro de 2017!
21.Set.17
Martins Júnior
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