quinta-feira, 21 de setembro de 2017

FURACÕES DE LONGE E DE PERTO !


No seu histórico testemunho – “Homem Algum é Uma Ilha” – Thomas Merton conecta-nos com o mundo inteiro, Em cada existência particular perpassa toda a amplitude do tempo e do espaço.  Nada nos é indiferente. No mesmo tom poderíamos dizer que nenhuma ilha é um ilhéu. A nossa também. O que se passa lá longe, nos antípodas do mundo, toca-nos também. E os longínquos tsunamis o mar encarrega-se de trazê-los à nossa costa. Mal iremos se não dermos por eles. Porque cedo ou tarde sentir-lhes-emos os efeitos.
É por essa razão que partilho convosco a notícia do maior furacão que, por estes dias, abalou a América e o mundo. Não foi o,”Irma” nem o “Maria” nem outro similar. Foi o torpedo que desabou na Casa Universal da Paz, sede das Nações Unidas. Chamo-lhe torpedo, expressamente, pelo que tem de torpe e de destruidor. Torpe, porque na magna assembleia do mundo aquele esgar monstruoso – a que chamam discurso – nunca teria lugar. Razão tem o jornal   Le Monde ao afirmar, no seu editorial de hoje, que  “Trump rebaixou a ONU”.  Destruidor, porque atenta contra todos “os esforços diplomáticos multilaterais dos últimos anos”, como o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas e o Acordo sobre o nuclear iraniano. Nem mesmo a presença e a mensagem aglutinadora do Secretário Geral António Guterres serviram para refrear os instintos primários mais grosseiros de quem se esquece da matriz democrática originária do país que dirige. Um povo herdeiro de Jefferson, de Lincoln e de Luther King ter-se-á sentido humilhado e ferido na sua honra patriótica. Ameaças, destruição e guerra, não há outro vocabulário naquele tosco exemplar de vilão armado, em nada diferente do anafado pigmeu Rocket Man de Pyongyang.
Nenhuma ilha é um ilhéu. Mas de um ilhéu pode fazer-se um monstro, um Trump, um Kim Jong-Un. A Madeira não está imune. E é esta quadra eleitoral o húmus propício à incubação e explosão dos tais instintos grosseiros atávicos em regimes de tradição totalitária. Eu sou daquele tempo – e esse tempo fica ao alcance dos dedos de uma só mão – em que as campanhas eram capitaneadas pelo ódio tribal, pelo furor, pela paranóia do poder, enfim, pelos típicos tiques trumpistas e norte-coreanos, ao ponto de “atiçar” povo contra povo. “Quando aparecer alguém de outro partido, não chamem a polícia, não chamem o presidente da câmara: resolvam o caso pelas vossas próprias mãos”. Não foi na Coreia. Foi na Madeira.     
     No começo de uma maratona que tem a meta no 1º de Outubro, faz bem trazer ao palco as reminiscências de um passado recente para erradicar liminarmente da boca dos ‘oradores’  as baforadas mal cheirosas, (para não dizer caninas) de que mais tarde virão a arrepender-se. Não queiram ‘as senhoras oradoras’ – sobretudo, elas -  imitar as grotescas figuras daqueles  que bajularam  outrora. Porque tudo se paga.
Numa campanha acesa mas brilhante, arguta mas sensata, combativa mas alegre – até os que perdem ficam a ganhar. Porque no recolher dos despojos só haverá um vencedor: o Povo! Esclarecido e civilizado.
Essa, a maior vitória do 1º de Outubro de 2017!

21.Set.17

Martins Júnior

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