Exaustos. Talvez despedaçados de ânimo.
Potencialmente esperançosos. Virtualmente felizes. Mas todos – todos! –
expectantes como a mulher com as dores do parto iminente. Assim, os entusiásticos
beligerantes em cena.
Do
outro lado, os verdadeiros atletas da maratona. Os goleadores. Os eleitores. E
todos – todos! – empunhando o ceptro da soberania popular.
É
duelo ao sol. mas é festa. É refrega, explosão de retóricas altissonantes, vulcanizadas
talvez, mas é ‘Grito do Ipiranga’ na afirmação da personalidade colectiva de um
Povo que assumidamente pode proclamar: ‘Eu sou o Legislador. Eu sou o Juiz. Eu
sou o Poder’.
Passeio
ligeiro este que se vive portas adentro. Mas aí por fora, a afirmação soberana
invade as ruas, assalta praças, rasga montanhas. Penso no tsunami chamado Catalunha, com epicentro marcado para o mesmo 1 de
Outubro. E na fogueira independentista
dos Curdos. No apeamento da xenófoba infantaria pesada do FN em França. E,
agora, com o seu recrudescimento na Alemanha saudosista de Hitler. Quer da
mesma direcção, quer de sentido contrário, toda esta ebulição tem como
denominador comum a identidade genética ou adquirida dos inquilinos deste
planeta. É a democracia em pleno, enfim, o genuíno Poder Popular, entendendo-se
esta expressão como a realização inteira
da vocação do Homem como Ser Social, Autor e Agente da sua própria
construção.
Foi
com estes olhos de encantamento e espanto que segui até hoje o deambular polícromo das “Autárquicas/2017”. E concluí, uma vez mais, que são estas
campanhas ‘domésticas’ o precioso campo experimental da aprendizagem para a cidadania. Quem não partilha desta ‘escola primária’
jamais saberá votar em quaisquer outras eleições. Porque nestas, o
sujeito-objecto em debate está ali, diante do juiz soberano, o Povo. Está
objectivado, à mão de semear e recolher, naquela pessoa, naquele programa. Quem
não aprende a optar por aquilo que vê
à sua porta, como saberá distinguir o
ou os que estão longe, encobertos no
biombo de uma lista partidária?
Daí,
a minha curiosidade e o meu respeito pelas “Autárquicas”, aguardando com a
mesma atitude o barómetro do discernimento de cada aldeia e de cada cidade. Para os ‘treinadores-candidatos’
que durante dez dias se esforçaram denodadamente por abrir o livro da Verdade
aos decisores-goleadores, o meu aplauso e a minha gratidão. E aí vai o meu
voto: Seja qual o resultado, sintam-se felizes por terem colaborado no
crescimento civilizacional do seu Povo.
29.Set.17
Martins Júnior
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